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Eosinofilia: o que é a doença, quais são suas causas e o tratamento recomendado?

Aumento de eosinófilos, que são uma espécie de glóbulos brancos.

​​​​​​​​​​​Você sabe o que é eosinofilia? Esse é um nome que não estamos acostumados a ouvir em todo lugar, não é mesmo? Aliás, neste texto, vamos ver algumas palavras u​m pouco menos comuns do que o habitual. Mas com a explicação vai ser bem fácil entender.

A eosinofilia é caracterizada pelo aumento de eosinófilos, que são uma espécie de glóbulos brancos que afetam micro-organismos em combate a infecções por quadros como os de reações alérgicas, por exemplo.


Na nova edição de nosso blog, o Dr. Pedro Henrique Arruda de Moraes, onco-hematologista do Hospital Nove de Julho, explica o que é eosinofilia, suas principais causas e como é feito o tratamento da condição. Confira a leitura completa a seguir. ​

Eosinofilia: o que é?


Eosinofilia é uma ocorrência bastante comum em resposta a infecções por parasitas ou alergias. Mas também pode indicar uma doença mais grave, como um tipo de câncer raro do sangue, em que o médico hematologista é o responsável pelo diagnóstico e o tratamento dessa condição.  

A eosinofilia refere-se ao aumento de eosinófilos no sangue, células que protegem o organismo contra agentes infecciosos. Ela é definida pela presença de mais de 500 eosinófilos por milímetro cúbico de sangue, sendo classificada em:

  • eosinofilia leve: 500-1.500/mm³;
  • eosinofilia moderada: 1.500-5.000/mm³;
  • eosinofilia grave: > 5.000/mm³.

Já a hipereosinofilia é definida pela presença de mais de 1.500 eosinófilos por milímetro cúbico no sangue periférico ou nas seguintes condições:

  • infiltração patológica de tecidos por eosinófilos;
  • > 20% de eosinófilos das células nucleadas na medula óssea por mielograma;
  • deposição acentuada de proteínas de eosinófilos nos tecidos.​

Ela é detectada por meio do hemograma completo.

Quais são as causas da eosinofilia?

Veja, a seguir, as principais causas da doença.

  • ​Alergia – ela pode acontecer em decorrência de reações alérgicas de diferentes tipos, como de contato, respiratórias, alimentares ou a medicamentos. O processo alérgico faz com que os eosinófilos aumentem para proteger o organismo do agente causador da alergia.
  • Infecções por parasitas – a infecção por parasitas representa um dos principais motivos de eosinofilia, sobretudo quando a infestação começa nos pulmões, por exemplo, por Ancylostoma duodenale, Ascaris lumbricoides, Necator americanus ou Strongyloides stercoralis. Quando esses parasitas provocam eosinofilia intensa, geram a síndrome de Loeffler, que pode causar sintomas como falta de ar e tosse seca em alguns casos.
  • Linfoma de Hodgkin – outro motivo que pode provocar o aumento de eosinófilos pode ser o linfoma de Hodgkin, um tipo de câncer que afeta os linfócitos, uma das principais células de proteção do organismo.


O Dr. Pedro Henrique Arruda de Moraes compartilha ainda a tabela abaixo com as principais causas de eosinofilia secundária, isto é, quando a eosinofilia aparece como reação a uma doença.

  • Alérgicas: asma, urticária, rinite alérgica, dermatite atópica, síndrome da Farmacodermia com Eosinofilia e Sintomas Sistêmicos (Dress, sigla em inglês).
  • Parasitárias: toxocaríase, filariose, esquistossomose, estrongiloidíase, amebíase, ascaridíase.
  • Infecciosas diversas: HIV, paracoccidioidomicose, clamídia, escarlatina, pneumococos, criptococose, aspergilose broncopulmonar alérgica, histoplasmose, escabiose.
  • Medicamentosas: betalactâmicos, anfoterecina B, isoniazida, alopurional, imipranina, GM-CSF, anticonvulsivantes.
  • Pulmonares: eosinofilia tropical pulmonar, broquiectasia, fibrose cística, pneumonite por hipersensibilidade, pneumonite hiperosinofílica.
  • Endócrinas: insuficiência adrenal.
  • Gastrointestinais: gastroenterite alérgica, doença celíaca, doença inflamatória intestinal.
  • Imunológicas: Churg-Strauss, sarcoidose, doença do tecido conjuntivo misto, GVHD.
  • Neoplásicas: leucemia, linfomas, adenocarcinomas.
  • Diversos: síndrome do óleo tóxico, síndrome eosinofílica miálgica (L-triptofano), síndrome hiper-IgE, síndrome de Ommenn, irradiação.

O que fazer quando apresentar eosinofilia?

O Dr. Pedro Henrique explica: “Quando é definido o aumento de eosinófilos no sangue, especialmente se for persistente e/ou com valores acima de 1.000, deve-se procurar o médico hematologista para investigação clínica e tratamento."

O médico ressalta ainda que “para descartar causas secundárias, devem-se realizar exame físico e anamnese completa, com a investigação da história de viagens prévias, da história familiar, do relato de alergia, da presença de angioedema prévio e da busca de sinais de insuficiência adrenal, bem como com a palpação de todos os linfonodos e a análise de medicamentos em uso para buscar etiologias conforme tabela anterior".

“Depois de descartadas as causas secundárias, os principais exames que auxiliam na avaliação da eosinofilia primária são exames específicos hematológicos como mielograma com cariótipo, análise de blastos, biópsia de medula óssea​, triptase, imunofenotipagem e pesquisa por RT-PCR ou Fish da mutação FIP1L1-PDGFRA."


O que o aumento de eosinófilos pode causar no organismo?

Os principais sinais e sintomas secundários da hipereosinofilia são inespecíficos, sendo cansaço, tosse, falta de ar e leucocitose os mais frequentes. “Todavia, podemos dividir o acometimento da hipereosinofilia conforme os sistemas acometidos", explica o médico. Veja a seguir: ​​

Dermatológico (por exemplo, rash) – 37%

As manifestações dermatológicas comuns incluem eczema (que afeta as mãos e/ou as áreas de flexão ou se apresenta como placas dispersas) e lesões avermelhadas na pele.

Pulmonar (tosse e dispneia) – 25%

Tosse crônica persistente, nã​o produtiva.

Infiltrados pulmonares aparecem em menos de 25% das radiografias de tórax e podem ser focais ou difusos sem predileção por local.

Gastrointestinal – 14%

Gastrite, enterite e/ou colite eosinofílica podem ocorrer nas formas mais agressivas. Perda aguda de peso, dor abdominal, vômitos e/ou diarreia grave podem aparecer.

Cardíaco – 5%

Nas fases iniciais, o exame físico pode ser normal, porém, hemorragias conjuntivais ou subconjuntivais podem ser notadas. A elevação da troponina sérica pode ser um indicador sensível de dano eosinofílico cardíaco.

Alterações cardíacas são mais precocemente visualizadas na ressonância magnética do que no ecocardiograma. Nas fases mais avançadas, pode aparecer dor torácica.

 O Dr. Pedro Henrique cita ainda que “em um estudo realizado pela clínica Mayo, foi observado que as principais causas de mortalidade como consequência da condição foram: disfunção cardíaca (33%); infecção (20%); malignidades não relacionadas (20%); fenômenos trombóticos (13%) e doenças vasculares (13%)".

Qual o tratamento para a eosinofilia?

Nos pacientes portadores de hipereosinofilia reativa, o tratamento deve ser voltado para as causas de base, como controle da alergia com antialérgicos, suspensão de medicamentos, tratamento de infecção e uso de antiparasitários, entre outras indicações.

Caso seja constatado que a eosinofilia é decorrente de uma doença hematológica primária, esta poderá ser tratada com medicamentos imunossupressores como corticoides, hidroxiureia, interferon e terapias-alvo, entre outros fármacos.

“No Brasil, como a incidência de doenças parasitárias é alta, habitualmente, indicamos o tratamento antiparasitário empírico para a maioria dos pacientes com eosinofilia persistente em investigação diagnóstica", explica o médico.

É algo comum? É possível prevenir?

A eosinofilia secundária é muito comum e é reacional a uma condição de base que o paciente apresenta, conforme dito nas causas citadas de eosinofilia. Já a eosinofilia primária acomete 1,47 vez mais homens que mulheres, com idade média de diagnóstico entre 20 e 50 anos. Um estudo epidemiológico realizado pelo SEER (do inglês Surveillance, Epidemiology, and End Results), entre 2001 e 2005, mostrou uma taxa de incidência ajustada pela idade de 0,036 por 100.000 habitantes.

“Embora não seja possível prevenir a eosinofilia, o mais importante é seguir com o médico de rotina e, caso a condição seja detectada por meio do hemograma, o hematologista deverá ser consultado", explica o Dr. Pedro Henrique.

O Hospital Nove de Julho conta com hematologistas em sua equipe de profissionais e dispõe de serviço e estrutura completa para exames preventivos, consultas e tratamento. Para agendar sua consulta acesse o Nav Dasa.



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