Já falamos aqui no blog que o refluxo gastroesofágico é um problema que atinge pelo menos 20% da população mundial. A principal causa da doença é a abertura da válvula esofágica, que controla a passagem do alimento para o estômago. O refluxo nada mais é que a perda de controle desse mecanismo que faz com que o alimento e o líquido estomacal voltem do estômago para a boca, causando a sensação de queimação.
Fora este incômodo, em longo prazo a doença pode provocar úlceras no estômago e no esôfago. Neste último caso, as feridas podem, inclusive, evoluir para um câncer. O refluxo tem tratamento, que pode ser medicamentoso. No entanto, além da necessidade de se medicar, o paciente precisa seguir à risca as orientações do médico para ficar livre da doença.
Readequar a alimentação, deixar de fumar, controlar a ingestão de bebida alcoólica e evitar alimentos estimulantes que colaboram para abertura da válvula - como chocolate, café e refrigerante - são alguns dos hábitos que precisam ser adotados para tatar o problema.
O tratamento medicamentoso deve ser feito pelo resto da vida para que a válvula se mantenha fechada. Se mesmo após iniciar o uso dos remédios e adotar as medidas recomendadas, o paciente não perceber melhora nos três meses seguintes, a cirurgia laparoscópica pode ser a solução recomendada pelo médico. A mesma indicação é feita para pacientes com uma abertura da válvula esofágica acima de cinco centímetros.
Entenda a laparoscopia
Há alguns anos, a laparoscopia era considerada um procedimento invasivo, pois consistia em fazer pequenos cortes no abdome, por meio dos quais o médico reconstruía a válvula esofágica. Essa reconstrução era feita com tecidos do esfíncter esofágico, músculo estriado que também ajuda no controle da passagem dos alimentos até o estômago.
Atualmente, a técnica evoluiu e os cortes foram substituídos por pequenos furos, quase imperceptíveis, que possibilitam a troca da válvula afetada por outra, feita com a ajuda de pequenas pinças com câmeras nas pontas que permitem a visualização em duas dimensões do local da cirurgia e facilitam o procedimento.
Dessa forma, o tratamento é pouco invasivo e menos agressivo e a recuperação do paciente é mais rápida. Além de tratar o refluxo, o procedimento pode corrigir também a hérnia de hiato, problema que acontece quando parte do esôfago, que deveria ficar no abdome, se desloca e “sobe” para o tórax, podendo causar refluxo e danificar o diafragma, músculo responsável pela respiração.
Nos casos em que a cirurgia é indicada, o paciente deve ficar atento ao pós-operatório, no qual deve ingerir apenas líquidos por um período, evitar ficar muito tempo deitado ou sentado - fatores que pioram o problema - e ainda fazer exercícios de respiração que ajudam a prevenir doenças como a pneumonia.
Dr. José Luiz Capalbo, Coordenador do Centro de Gastroenterologia do H9J