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Transplante de córnea: entenda como é feito, da doação até a cirurgia

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​​A realização de um transplante de córnea pode melhorar a qualidade de vida de pacientes e apresenta grande chance de sucesso no tratamento de algumas condições: cerca de 90% em casos não complicados, de acordo com estatísticas em todo o mundo, e um percentual de êxito que pode diminuir um pouco em situações mais complexas. O Dr. Aníbal Mutti e Dr. Tiago Batista, oftalmologistas do Hospital Nove de Julho, explicam como é feito o transplante de córnea e quem pode se tornar um doador.

O que é transplante de córnea?

O transplante de córnea é a substituição da córnea doente por uma sadia doada, com o objetivo de melhorar a visão ou reparar problemas oculares que ofereçam risco para a anatomia ou para o funcionamento do olho. Essa alteração pode ser feita na forma de espessura total (penetrante) ou parcial (lamelar). 

De acordo com o Dr. Aníbal Mutti: “O transplante de córnea é feito por meio da troca do tecido corneano do receptor pelo tecido corneano do doador. A cirurgia é realizada em centro cirúrgico, na maioria das vezes com o paciente sob anestesia geral ou sedação combinada com anestesia local. Utilizam-se microscópio cirúrgico e delicados materiais oftalmológicos para o preparo da córnea do doador e do receptor. A córnea doada é suturada com um fio mais fino que fios de cabelo, e os pontos são removidos meses depois da cirurgia. No transplante endotelial não há pontos. A cirurgia costuma durar de uma a duas horas." 

Depois do procedimento, são utilizados medicamentos em forma de colírio de seis meses a um ano. Outras medicações podem ser necessárias, de acordo com a doença ocular que levou ao transplante ou com o surgimento de rejeição.

Quando pode ser feito um transplante de córnea?

A indicação do transplante de córnea é feita quando características do tecido se perdem, como regularidade, transparência ou curvatura. Os principais problemas que podem atingir o bom funcionamento da córnea são: infecções; traumas; ceratocone; úlceras; distrofias; complicações de cirurgias intraoculares; degenerações e alergias, que podem prejudicar e causar problemas de visão.

 A doação do órgão

O potencial receptor para receber a doação de uma córnea precisa estar inscrito em uma lista de espera única, organizada por estado ou região. Essa lista é monitorada pelo Sistema Nacional de Transplantes (SNT). A inscrição deve ser feita unicamente por um oftalmologista que possua autorização no SNT. Conforme chegam os tecidos pelos bancos de tecidos oculares, é feita a distribuição, que segue um regulamento técnico definido. 

​​​Quem pode ser doador?

Qualquer pessoa pode ser doadora, desde que haja autorização da família. A doação da córnea ocorre após a morte encefálica ou até seis horas depois da parada cardiorrespiratória. Em alguns casos, a doação ainda pode ser feita até 24 horas depois do óbito, dependendo do acondicionamento do corpo. A idade para a doação de córneas situa-se entre 2 e 80 anos. São raras as contraindicações para a doação das córneas, sendo as principais: doenças infectocontagiosas, como hepatites e HIV, e alguns tipos de neoplasia hematológica. Mesmo pacientes com câncer ou idosos podem ser doadores.

Quanto aos receptores – aqueles que recebem a nova córnea –, qualquer pessoa está apta a tal, desde que haja diagnóstico que justifique o transplante e indicação da cirurgia por um médico oftalmologista especialista inscrito no Sistema Nacional de Transplantes (SNT). Muitas vezes, o transplante pode ser postergado ou suspenso, caso a patologia ocular do futuro receptor se altere a ponto de aumentar o risco de rejeição ou falência da cirurgia ou de não necessitar mais da cirurgia. 

Saiba mais sobre a doação de órgãos

 ​​​Compatibilidade de córnea

O Dr. Aníbal Mutti explica que “ao contrário do que ocorre com alguns órgãos sólidos e a medula óssea, para o transplante de córnea não é necessário análise de compatibilidade. Nesse caso, é considerado transplante de tecido (não é órgão) e, além disso, a córnea tem a vantagem de não possuir vasos sanguíneos, o que diminui muito o risco de rejeição. 

Geralmente o paciente que é submetido a transplante de outros órgãos – como rim – necessita do uso de medicações até o final da vida para evitar rejeição. No transplante de córnea isso é extremamente raro. Na maioria das vezes, usa-se apenas colírio por alguns meses. 

Mesmo assim, quando há rejeição da córnea transplantada, o diagnóstico pode ser feito rapidamente, e o tratamento costuma ser simples e eficaz. Após a autorização da doação de córnea pela família, são coletados exames de sangue do doador para excluir doenças infectocontagiosas. 

Depois da retirada e preparação do tecido, a córnea passa por exames realizados por médico oftalmologista em microscópio, e há vários critérios que são observados. As córneas de pior qualidade acabam sendo rejeitadas.


Tipos de transplante de córnea

O Dr. Aníbal Mutti e o Dr. Tiago Batista, explicam como são divididos os tipos de transplante de córnea.

  • Ceratoplastia penetrante – nesse tipo de procedimento, toda a espessura da córnea doada é moldada até que fique do tamanho correto. A córnea lesionada é removida também em toda a sua espessura, e a doada é suturada no local. 

  • Ceratoplastia tectônica – é similar à penetrante, porém é utilizada em casos urgentes de traumas e perfurações. Os formatos e moldes podem variar de acordo com a necessidade. 

  • Ceratoplastia lamelar – nesse caso apenas uma ou algumas camadas da córnea são substituídas no doador. A camada e a espessura a serem transplantadas vão depender da patologia. Aqui já é necessário material mais avançado, e pode-se até utilizar laser para auxiliar nos cortes da córnea do doador e do receptor. A ceratoplastia lamelar mais comum é a ceratoplastia lamelar anterior profunda (DALK, sigla em inglês), muito utilizada em ceratocone e cicatrizes de córnea. Nos transplantes lamerares, o risco de rejeição e infecção é menor, e a córnea costuma ficar mais regular, auxiliando em uma recuperação visual mais rápida.

  • Ceratoplastia endotelial – nos últimos anos, surgiram várias técnicas de ceratoplastia endotelial. Nessa cirurgia, é trocada apenas a camada mais interna da córnea, pois, em algumas doenças, só essa parte é afetada, e não haveria necessidade de trocar toda a córnea. É um transplante bem mais delicado, porém menos invasivo, o que diminui a chance de rejeição e acelera a recuperação. Nesse tipo de transplante, geralmente, não há pontos. A ceratoplastia endotelial mais comum chama-se ceratoplastia endotelial da membrana de Descemet (DMEK, sigla em inglês).

A cirurgia de transplante de córnea

Entenda um pouco mais sobre os riscos do procedimento e como é o pós-cirúrgico de quem passa por um transplante de córnea.


​​​Riscos 

Os principais problemas que podem surgir após um transplante de córnea são a rejeição – nesse caso, o paciente pode apresentar vermelhidão nos olhos, diminuição da visão, dor e fotofobia. Outro risco é a falência do tecido – em caso de falência primária, a córnea transplantada não recupera a transparência e deve ser feita outra cirurgia.

Pós-cirurgia 

Em grande parte dos casos, a recuperação visual depois do transplante é muito boa. E pode levar alguns meses até chegar a todo o seu potencial, no entanto, em algumas semanas, o paciente já pode notar uma melhora na qualidade da visão. Normalmente, o pós-operatório não causa dor, e, em alguns pacientes, pode provocar a sensação de areia nos olhos e maior sensibilidade à luz. 

O paciente em recuperação deve usar medicamentos e colírios antibióticos e anti-inflamatórios, de acordo com a prescrição do médico oftalmologista. Além disso, deve evitar piscinas e esforço físico no período de cicatrização e também não dormir do mesmo lado do olho transplantado. ​

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