
Entenda como mudanças de hábitos, medicamentos e procedimentos cirúrgicos atuam para controlar a DAC e melhorar sua qualidade de vida.
Aquele cansaço ao subir um lance de escadas ou uma dor no peito durante uma caminhada mais rápida podem ser mais do que sinais de sedentarismo. Para muitas pessoas, são os primeiros alertas da doença arterial coronariana (DAC), uma condição que se desenvolve silenciosamente ao longo de anos.
Receber este diagnóstico gera muitas dúvidas e preocupações, principalmente sobre os próximos passos. A boa notícia é que existem diversas abordagens eficazes para tratar a condição, controlar os sintomas e, mais importante, garantir uma vida longa e com qualidade.
O que é a doença arterial coronariana e por que tratá-la?
A doença arterial coronariana ocorre quando as artérias que fornecem sangue ao músculo cardíaco, chamadas de artérias coronárias, se tornam endurecidas e estreitadas. Esse processo, conhecido como aterosclerose, é causado pelo acúmulo de placas de gordura (ateromas) em suas paredes.
Com o tempo, essa obstrução reduz o fluxo de sangue e oxigênio para o coração. Se não tratado, o quadro pode levar a complicações graves como a angina (dor no peito) e o infarto agudo do miocárdio.
Assim, o objetivo principal do tratamento é duplo: aliviar os sintomas e prevenir a progressão da doença para evitar eventos cardíacos futuros, melhorando a sobrevida e o bem-estar do paciente.
Atualmente, a abordagem terapêutica para a doença arterial coronariana está evoluindo. O foco tem se deslocado para a prevenção e o manejo precoce da aterosclerose, buscando intervir antes que a doença esteja em estágio avançado e os sintomas sejam evidentes.
Como o tratamento para a doença arterial coronariana é definido?
Não existe uma fórmula única para tratar a DAC. O plano terapêutico é sempre individualizado, desenhado pelo cardiologista com base em uma avaliação completa que considera:
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a gravidade e a localização das obstruções;
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a intensidade dos sintomas;
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a presença de outras condições de saúde (comorbidades), como diabetes e doença renal;
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a idade e o estado geral de saúde do paciente.
Exames como o eletrocardiograma, teste de esforço, ecocardiograma e o cateterismo cardíaco são essenciais para fornecer as informações necessárias para essa decisão.
A medicina moderna busca constantemente aprimorar o diagnóstico. Novas pesquisas estão desenvolvendo testes genéticos para identificar o risco herdado da doença arterial coronariana, permitindo uma compreensão mais profunda da condição em cada indivíduo.
Quais são os pilares do tratamento da DAC?
É importante ressaltar que o tratamento da doença arterial coronariana crônica prioriza a terapia com medicamentos e medidas preventivas, visando o controle rigoroso dos fatores de risco. Intervenções invasivas, como a angioplastia ou cirurgia, são reservadas para casos selecionados e mais graves da doença.
A abordagem terapêutica da doença arterial coronariana é multifacetada e se apoia em uma combinação de estratégias. Elas são geralmente divididas em três categorias principais, que se complementam.
1. Mudanças no estilo de vida: a base de tudo
Este é o pilar fundamental e indispensável do tratamento. Adotar hábitos saudáveis ajuda a controlar os fatores de risco, retardar a progressão da aterosclerose e potencializar o efeito das outras terapias.
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Alimentação saudável: priorizar uma dieta rica em frutas, vegetais, grãos integrais e proteínas magras, reduzindo o consumo de gorduras saturadas, sódio e açúcares.
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Atividade física regular: praticar exercícios aeróbicos moderados, como caminhada, por pelo menos 150 minutos por semana, sempre com orientação profissional.
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Cessação do tabagismo: parar de fumar é uma das medidas mais eficazes para reduzir o risco de um infarto.
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Controle do peso: manter um peso corporal saudável ajuda a controlar a pressão arterial, o colesterol e o diabetes.
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Gerenciamento do estresse: técnicas de relaxamento e atividades prazerosas podem ajudar a reduzir os níveis de estresse, um conhecido fator de risco cardiovascular.
2. Tratamento medicamentoso: controlando os fatores de risco
Os medicamentos desempenham um papel crucial no manejo da DAC. Eles atuam em diferentes frentes para proteger o coração e os vasos sanguíneos. As classes de fármacos mais utilizadas incluem:
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Antiagregantes plaquetários: como o ácido acetilsalicílico, ajudam a "afinar" o sangue, prevenindo a formação de coágulos que podem causar um infarto.
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Estatinas: são eficazes para reduzir os níveis de colesterol LDL ("colesterol ruim"), um dos principais componentes das placas de gordura.
Para pacientes com doença arterial coronariana e níveis elevados de lipoproteína(a), um fator genético de risco, o tratamento foca na redução intensiva do colesterol LDL. Nesses casos, estatinas de alta intensidade são frequentemente utilizadas, e em situações de alto risco, medicamentos como a ezetimiba ou inibidores de PCSK9 podem ser adicionados para otimizar o controle.
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Betabloqueadores: reduzem a frequência cardíaca e a pressão arterial, diminuindo a carga de trabalho do coração e aliviando a angina.
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Inibidores da ECA ou BRAs: ajudam a relaxar os vasos sanguíneos, controlando a pressão arterial e protegendo o coração.
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Nitratos: são usados para aliviar crises de angina, pois dilatam as artérias coronárias e melhoram o fluxo sanguíneo.
Vale dizer que o uso, a combinação e as doses desses medicamentos devem ser estritamente definidos e acompanhados pelo médico cardiologista.
3. Procedimentos para restaurar o fluxo sanguíneo
Quando as obstruções são graves ou os sintomas não são controlados com as medidas anteriores, procedimentos de intervenção podem ser necessários para desobstruir as artérias.
Angioplastia com stent
Este é um procedimento minimamente invasivo. Um cateter fino com um balão na ponta é inserido em uma artéria (geralmente no braço ou na virilha) e guiado até o local da obstrução na coronária. Lá, o balão é inflado para esmagar a placa de gordura e reabrir o vaso.
Na maioria dos casos, uma pequena malha de metal chamada stent é implantada no local para manter a artéria aberta, funcionando como um suporte estrutural.
Cirurgia de revascularização do miocárdio
Popularmente conhecida como "ponte de safena", esta é uma cirurgia cardíaca mais complexa. O cirurgião cria um desvio (bypass) para o sangue contornar a artéria bloqueada. Para isso, utiliza-se um enxerto de outro vaso sanguíneo do próprio corpo do paciente, como a veia safena da perna ou a artéria mamária do tórax.
A escolha entre angioplastia e cirurgia de revascularização depende de fatores como o número de artérias obstruídas, a localização dos bloqueios e a saúde geral do paciente.
A doença arterial coronariana tem cura?
É fundamental entender que a aterosclerose, a causa da DAC, é um processo crônico e progressivo. Portanto, a doença arterial coronariana não tem uma cura definitiva. No entanto, ela é uma condição perfeitamente tratável e controlável.
Com a adesão rigorosa ao tratamento — combinando estilo de vida saudável, uso correto dos medicamentos e, se necessário, os procedimentos de intervenção — é possível estabilizar a doença, prevenir complicações graves e manter uma excelente qualidade de vida.
Qual o papel do acompanhamento médico contínuo?
O tratamento da DAC é uma jornada de longo prazo. O acompanhamento regular com o cardiologista é essencial para monitorar a resposta às terapias, ajustar medicações e garantir que os fatores de risco permaneçam sob controle.
Uma equipe multidisciplinar, que pode incluir nutricionistas, fisioterapeutas e psicólogos, também é importante para oferecer um suporte completo. Lembre-se que o gerenciamento bem-sucedido da doença arterial coronariana é uma parceria ativa entre o paciente e a equipe de saúde.
Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui avaliação médica. Em caso de dúvidas, procure um especialista habilitado.



