Para a surpresa de muitos pais, as meninas estão entrando na puberdade cada vez mais cedo. Por isso, alguns ficam em dúvida sobre qual é o melhor momento para recomendar às suas filhas o acompanhamento com o especialista. A ginecologista e coordenadora da Clínica da Mulher do Hospital 9 de Julho, Dra. Bárbara Murayama, alerta sobre a importância de as meninas se sentirem confortáveis para consultar esse médico.
"A melhor idade para a primeira consulta é, possivelmente, logo que alguns sinais de puberdade começam a despontar por volta de 8 ou 9 anos", orienta a especialista. Esse primeiro contato é importante para avaliar o crescimento e o desenvolvimento adequado da menina e, mais do que isso, iniciar um vínculo de confiança com a médica que poderá acompanhá-la por toda uma vida.
É importante não ter pressa, se a menina não quiser ser examinada nessa primeira consulta, não há problemas, iremos conversar e tentar criar vínculo. Aos poucos, abriremos esse canal de diálogo que, mais para frente, servirá para falar de anticoncepção, DST e tudo mais que gerar dúvidas.
Sinais
Os pais devem deixar claro que este acompanhamento é importante e necessário para a sua saúde, afinal, ele terá continuidade por toda sua vida. É recomendável que as meninas procurem o especialista antes da menarca – primeira menstruação, pois os chamados caracteres sexuais, ou seja, mamas, cintura e pelos começam a acontecer por volta de dois anos antes e é muito importante que haja um acompanhamento desses acontecimentos.
Segundo a Dra. Bárbara, é comum receber no consultório pré-adolescentes, entre 10 e 12 anos, curiosas sobre seu ciclo menstrual. Embora haja todo tipo de informação na internet e em outros meios, nem sempre essas jovens conseguem esclarecer suas dúvidas.
O que ocorre em muitos casos é que algumas meninas, mesmo quando aconselhadas pela mãe, têm receio da primeira consulta ao ginecologista. Elas temem a exposição necessária para fazer alguns exames. Entretanto, a Dra. Bárbara esclarece que nem sempre o médico realiza os exames físicos, como os de coleta e análise como o Papanicolau e o toque que são feitos em mulheres mais velhas, após o início da vida sexual.
A princípio, a visita ao ginecologista só exigirá exame clínico compatível com a idade, ou seja, em uma menina na puberdade examinaremos as mamas, e os genitais externamente, além de pesar e medir a altura, por exemplo. "Mas sempre com a presença da mãe ou responsável e com o consentimento da menina. Às vezes, precisamos esperar algumas consultas até que a menina se sinta à vontade para ser examinada. Isso é totalmente normal", explica.
Outro fator que também pode contribuir para o atraso do acompanhamento ginecológico nas jovens é a falta de incentivo dos pais que, não raramente, acreditam que isso pode estimulá-las ao início precoce da vida sexual. Para a médica, o fato de a menina começar a se consultar com um ginecologista não implica necessariamente que ela esteja pensando em começar a transar. "Na verdade, quanto mais informação ela tiver sobre seu corpo, mais responsabilidade sobre ele haverá. Por incrível que pareça, muitas jovens ainda são contaminadas com Doenças Sexualmente Transmissíveis ou sofrem com gestações precoces por falta de orientação adequada", aponta Bárbara.
É importante lembrar que, por meio do diálogo, os pais podem ajudar as meninas durante a puberdade. O ginecologista é e deve ser visto como uma pessoa de confiança para a mulher, independentemente de sua faixa etária. Para a Dra. Bárbara, "esse especialista costuma ser o médico mais visitado pelas mulheres no decorrer de suas vidas, por isso é importante se sentir confortável para tirar dúvidas. Isso pode ajudar no diagnóstico precoce de enfermidades".