Entre as crianças brasileiras, 13% sofrem com esse quadro, de acordo com o Ministério da Saúde.
A obesidade infantil – geralmente desencadeada pela associação de hábitos alimentares pouco saudáveis com inatividade física/sedentarismo – pode ter consequências nocivas que o indivíduo levará para o resto da vida.
Esse é hoje um dos distúrbios nutricionais mais prevalentes entre crianças e adolescentes. De acordo com previsões da Organização Mundial da Saúde (OMS), estima-se que 41 milhões de crianças, no mundo, com menos de cinco anos estejam acima do peso.
O excesso de peso foi diagnosticado em cerca de um quinto dos adolescentes de ambos os sexos, excedendo em seis vezes a frequência do déficit de peso. Por isso, todo cuidado é válido.
Os cuidados precisam começar nos primeiros anos de vida
Nem toda futura mamãe sabe, mas a prevenção à obesidade infantil começa antes mesmo do nascimento, durante a gestação. Isso porque a obesidade materna, a diabetes gestacional, e o excesso de ganho de peso na gravidez são fatores diretamente relacionados a uma maior chance de obesidade após o nascimento. Por isso, controlar o peso e priorizar uma dieta balanceada fazem parte de um pré-natal de qualidade.
"Já após o nascimento, um rápido ganho ponderal no primeiro ano de vida também está relacionado a uma maior chance de obesidade futura. A melhor forma de evitar que isso ocorra é com incentivo ao aleitamento materno, e com orientações bem claras em relação à introdução alimentar dos lactentes. Aleitamento materno reduz o risco de obesidade em média 20 -25%, devendo ser estimulado a permanecer exclusivo até os 6 meses de idade, e de forma complementar até os 2 anos", explica o Dr. Miguel Liberato, endocrinologista pediátrico e pediatra do Hospital 9 de Julho.
De acordo com o especialista, no momento da introdução alimentar (que idealmente deve ser iniciada no sexto mês) é importante evitar adição de açúcar, inclusive sucos (mesmo que naturais), e dar preferência para frutas in natura, além de evitar alimentos industrializados.
"As crianças têm uma forte preferência por um sabor doce, e a introdução precoce de açúcares na dieta de lactentes e crianças pequenas pode promover uma preferência pelo sabor doce à diante. Apesar de, após os dois anos de idade, açúcares poderem começar a ser adicionados, desde que consumidos em pequenas quantidades, poucas crianças não ultrapassam esses níveis, tornando isso uma importante meta de saúde pública", alerta o médico.
Como identificar se meu filho sofre com obesidade infantil?
Há mais chances de sucesso no tratamento da obesidade durante a infância do que nas outras fases da vida, e eliminar esse vilão com certeza vai garantir melhor qualidade de vida para o seu filho. Para isso, o primeiro passo é identificar o problema.
O cálculo do IMC é uma alternativa simples e bastante útil. Primeiramente, anote a altura e o peso da criança. Depois, é só pegar uma calculadora e dividir o peso pela altura ao quadrado. Exemplo: se seu filho mede 1,30m e pesa 35kg, IMC = 20,7. Ao chegar em um resultado, basta consultar os indicadores da OMS, descritos abaixo:
- Dos 0 aos 5 anos de idade:
- IMC até 3 = a criança é considerada abaixo do peso;
- IMC entre 3 e 85 = a criança é considerada adequada;
- IMC entre 85 e 97 = a criança tem risco de sobrepeso;
- IMC entre 97 e 99,9 = a criança tem sobrepeso;
- IMC acima de 99,9 = a criança é obesa.
Dos 5 aos 19 anos de idade:
- IMC de até 3 = a criança é considerada abaixo do peso;
- IMC entre 3 e 85 = a criança é considerada adequada;
- IMC entre 85 e 97 = a criança tem sobrepeso;
- IMC entre 97 e 99,9 = a criança é obesa;
- IMC acima de 99,9 = a criança tem obesidade grave.
O que posso fazer para evitar essa doença?
A obesidade infantil se baseia em dois pilares: um da alimentação e outro da atividade física. "As escolhas alimentares e um ambiente familiar comprometido são fundamentais para determinar a quantidade de calorias que uma criança tem acesso diariamente. Junto a isso, igualmente importante, está a prática regular de atividade física, que por sua vez é diretamente relacionada à qualidade do sono, além de um controle rigoroso evitando excesso de tempo de tela", pontua o especialista.
Segundo o Dr. Miguel Liberato, outra medida importante na prevenção da obesidade é o estabelecimento de rotinas para a criança e para o adolescente, incluindo estipular um horário para as refeições, não pular refeições e controlar o tempo de tela. "É preciso que a família esteja engajada no processo. Fica muito mais difícil obter resultados satisfatórios quando a adesão a uma rotina alimentar mais saudável não é feita pela família", ele complementa.
Além disso, ao iniciar a alimentação complementar nas crianças, é necessário ficar atento aos sinais de saciedade e não superalimentá-las. "Lactentes e crianças jovens têm capacidade de auto-regular a ingestão calórica total. Desse modo, não é indicado forçar a criança a terminar a refeição se ela não está com fome", ressalta o médico.
A American Heart Association, organização americana que estuda e propõe cuidados no sentido de reduzir lesões e mortes causadas por doenças cardiovasculares e AVC, recomenda que todas as crianças a partir de dois anos de idade pratiquem atividades físicas, que sejam prazerosas e compatíveis com a faixa etária.
Por fim, o pediatra do Hospital 9 de Julho relembra que a obesidade infantil pode originar diversas comorbidades na vida adulta, como doenças cardiovasculares, hipertensão e cânceres relacionados à obesidade. Uma detecção precoce é essencial para uma mudança nesse quadro. Por isso, fique atento a cada detalhe do dia a dia dos pequenos.
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