Aquele desconforto ao urinar, uma sensação de queimação ou a necessidade de ir ao banheiro com uma frequência incomum. Para muitos homens, esses sinais são alarmantes e geram dúvidas, principalmente por se tratar de uma condição frequentemente associada ao público feminino.

A infecção do trato urinário (ITU) em homens é, de fato, menos prevalente. Contudo, sua ocorrência quase sempre serve como um alerta para investigar possíveis causas anatômicas ou funcionais que merecem atenção médica especializada. 

Essas infecções são causadas por bactérias, e a crescente resistência microbiana aos antibióticos representa um desafio importante para o tratamento eficaz.

Por que a infecção urinária é menos comum em homens, mas exige atenção?

A principal razão para a menor incidência de ITUs em homens está na anatomia. A uretra masculina, canal que transporta a urina da bexiga para fora do corpo, é significativamente mais longa que a feminina. Essa maior distância dificulta a ascensão de bactérias do meio externo até a bexiga. É importante saber que a maioria das infecções urinárias é causada por bactérias do intestino, especialmente a Escherichia coli, que migram e se proliferam no trato urinário.

A Escherichia coli é o principal organismo causador da maioria dessas infecções em adultos. No entanto, quando uma infecção ocorre em homens, ela raramente acontece sem um motivo subjacente. 

Diferente das mulheres, em que a causa pode ser simplesmente a proximidade da uretra com a região anal, nos homens a infecção costuma ser um sintoma secundário a outro problema que precisa ser investigado.

Quais são as principais causas de infecção urinária masculina?

As causas podem ser divididas em grupos, que vão desde obstruções físicas até condições de saúde e hábitos cotidianos. Compreender esses fatores é o primeiro passo para a prevenção e o tratamento adequado.

Obstruções no trato urinário

Qualquer bloqueio que impeça o esvaziamento completo da bexiga é um fator de risco primário. A urina que permanece retida no sistema urinário torna-se um ambiente propício para a multiplicação de bactérias.

• Hiperplasia Prostática Benigna (HPB): é a causa mais comum em homens acima dos 50 anos. O crescimento da próstata comprime a uretra, dificultando a passagem da urina e o esvaziamento total da bexiga.

• Cálculos renais: as chamadas "pedras nos rins" podem se deslocar e bloquear os ureteres ou a uretra, causando o represamento da urina e facilitando infecções.

• Estenose de uretra: um estreitamento do canal uretral, geralmente causado por cicatrizes de infecções anteriores, traumas ou procedimentos cirúrgicos, também pode obstruir o fluxo urinário.

Condições médicas preexistentes

Certas doenças podem alterar o ambiente do trato urinário ou comprometer as defesas do organismo, tornando o homem mais suscetível a infecções.

• Diabetes mellitus: pacientes com diabetes descontrolado podem ter níveis elevados de açúcar na urina, o que serve de "alimento" para as bactérias. Além disso, a doença pode afetar os nervos que controlam a bexiga, levando ao esvaziamento incompleto. A idade e o diabetes mellitus são fatores de risco conhecidos para o desenvolvimento de infecções urinárias recorrentes, uma condição que também pode afetar homens.

• Baixa imunidade: condições que enfraquecem o sistema imunológico, como o uso de medicamentos imunossupressores ou doenças crônicas, diminuem a capacidade do corpo de combater agentes infecciosos.

Fatores comportamentais e de estilo de vida

Hábitos do dia a dia também desempenham um papel importante na saúde do trato urinário.

• Hidratação inadequada: beber poucos líquidos resulta em uma urina mais concentrada e menor fluxo urinário. Urinar com frequência ajuda a "lavar" o sistema urinário, eliminando bactérias antes que elas possam se instalar.

• Retenção de urina: o hábito de "segurar" a vontade de ir ao banheiro por longos períodos permite que as bactérias presentes na bexiga se multipliquem.

• Higiene pessoal: embora menos impactante que nas mulheres, uma higiene inadequada da região genital pode facilitar a entrada de bactérias, provenientes do intestino.

Procedimentos e instrumentação urológica

O uso de dispositivos no trato urinário pode servir como uma porta de entrada para microrganismos.

• Uso de cateteres urinários: o uso de cateteres urinários é o maior fator de risco para infecções do trato urinário, principalmente quando se está em hospitais. A sonda vesical, frequentemente utilizada em ambientes hospitalares ou por pacientes com dificuldade de micção, é uma via direta para que bactérias alcancem a bexiga, representando um risco significativo de infecção.

A infecção urinária masculina pode ser transmitida sexualmente?

Esta é uma dúvida comum e a resposta é: não. A infecção urinária não é considerada uma Doença Sexualmente Transmissível (DST). Ela é causada por bactérias que colonizam o trato urinário, geralmente vindas do próprio corpo do indivíduo (como do intestino).

Contudo, a atividade sexual, especialmente o sexo anal desprotegido, pode facilitar a introdução de bactérias na uretra, aumentando o risco de desenvolver uma infecção. É importante diferenciar uma ITU de uma uretrite, que é a inflamação da uretra e pode ser causada por agentes de DSTs, como clamídia e gonorreia.

Quais fatores aumentam o risco de desenvolver a condição?

Para resumir, os principais fatores de risco para a infecção urinária em homens incluem:

• Idade superior a 50 anos;

• Histórico de próstata aumentada (HPB);

• Presença de cálculos renais;

• Diabetes não controlado;

• Sistema imunológico comprometido;

• Anormalidades anatômicas no trato urinário;

• Uso recente de sonda ou cateter vesical;

• Prática de sexo anal sem preservativo.

Quando devo procurar um médico?

A infecção urinária no homem não deve ser ignorada ou tratada com soluções caseiras. A consulta com um urologista é essencial para um diagnóstico preciso e para investigar a causa raiz do problema.

Procure atendimento médico imediato se apresentar os seguintes sintomas:

• Dor ou ardor ao urinar;

• Necessidade urgente e frequente de ir ao banheiro;

• Sensação de esvaziamento incompleto da bexiga;

• Urina turva, com cheiro forte ou presença de sangue;

• Dor na parte inferior do abdômen ou nas costas;

• Febre e calafrios.

O diagnóstico correto permite o tratamento eficaz da infecção e, mais importante, da condição que a está causando, prevenindo complicações e recorrências.

Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui avaliação médica. Em caso de dúvidas, procure um especialista habilitado.

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