
Saiba diferenciar as causas virais, bacterianas e outros fatores que provocam dor e irritação, e entenda quando a avaliação médica é crucial.
Aquela sensação de arranhão na garganta que evolui para uma dor incômoda ao engolir é um sinal de alerta familiar para muitas pessoas. A infecção de garganta, ou faringite, é uma das queixas mais comuns em consultórios médicos, afetando desde crianças até adultos. Compreender o que está por trás desse sintoma é o primeiro passo para o alívio e o tratamento adequado.
Quais são as principais causas de infecção de garganta?
A dor de garganta ocorre devido à inflamação da faringe, a parte posterior da garganta. Essa inflamação pode ser desencadeada por uma variedade de agentes infecciosos e fatores irritantes. É importante conhecer os mais comuns para entender a natureza do problema.
Infecções virais: a causa mais comum
A grande maioria das infecções de garganta, cerca de 85% dos casos em adultos segundo dados de organizações de saúde, é causada por vírus. A infecção viral é a causa mais comum, sendo responsável por aproximadamente 40% a 80% de todos os casos de faringite. Eles são os mesmos agentes responsáveis por outras condições respiratórias conhecidas.
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Resfriado comum: causado por rinovírus, é a principal fonte de dores de garganta leves a moderadas.
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Gripe (Influenza): provoca sintomas mais intensos que o resfriado, incluindo dor de garganta aguda, febre alta e dores no corpo.
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Mononucleose: conhecida como "doença do beijo", é causada pelo vírus Epstein-Barr e resulta em fadiga extrema, gânglios inchados e uma infecção de garganta severa.
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Outros vírus: adenovírus e o coronavírus (incluindo o SARS-CoV-2, causador da COVID-19) também estão entre as causas virais frequentes.
Infecções bacterianas: menos frequentes, mas exigem atenção
Embora menos comuns, as infecções bacterianas podem ser mais graves e necessitam de tratamento específico. A principal bactéria associada a quadros de faringite é o Streptococcus pyogenes, do Grupo A (GAS). Este é um patógeno comum com grande impacto na saúde global.
A maioria das infecções de garganta é causada por vírus, e as bactérias, como o Streptococcus do Grupo A, são a segunda causa mais comum. Em geral, entre 25% e 30% dos casos de infecção na garganta são provocados por essa bactéria.
Especificamente em crianças, o Streptococcus do Grupo A é responsável por aproximadamente 25% dos quadros de faringite. Para a população geral, essa bactéria causa cerca de 15% a 30% das faringites, sendo a causa bacteriana mais frequente.
Essa bactéria é responsável pela chamada faringite estreptocócica, que, se não for tratada adequadamente com antibióticos, pode levar a complicações raras, mas sérias, como a febre reumática, que afeta o coração e as articulações.
Outros fatores que podem irritar a garganta
Nem toda dor de garganta é sinônimo de infecção. Diversas condições podem inflamar a mucosa da faringe, causando sintomas semelhantes.
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Alergias: a reação a alérgenos como pólen, poeira, mofo ou pelos de animais pode causar um gotejamento pós-nasal que irrita a garganta continuamente.
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Ar seco: ambientes com baixa umidade, especialmente com uso de ar-condicionado ou aquecedores, podem ressecar a garganta, causando desconforto, principalmente ao acordar.
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Refluxo gastroesofágico: o retorno do ácido do estômago para o esôfago e a garganta pode causar uma queimação crônica e inflamação, conhecida como laringofaringite de refluxo.
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Irritantes: a exposição à fumaça de cigarro (ativa ou passiva), poluição do ar e produtos químicos também são causas importantes de irritação na garganta.
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Uso excessivo da voz: falar alto por longos períodos, gritar ou cantar pode forçar as cordas vocais e os músculos da garganta, resultando em dor e rouquidão.
Qual a diferença entre garganta inflamada e infeccionada?
Embora os termos sejam usados de forma intercambiável, há uma diferença técnica. "Garganta inflamada" é um termo geral para descrever a vermelhidão, inchaço e dor na garganta (faringite), que é uma resposta do corpo a uma agressão.
Já "garganta infeccionada" especifica que a causa dessa inflamação é um microrganismo, como um vírus ou uma bactéria. Portanto, toda garganta infeccionada está inflamada, mas nem toda garganta inflamada é resultado de uma infecção, como nos casos de alergia ou refluxo.
Existem complicações associadas a infecções de garganta?
Na maioria dos casos, especialmente os virais, a infecção de garganta se resolve sem maiores problemas. No entanto, infecções bacterianas por estreptococos não tratadas podem levar a condições mais sérias.
A principal preocupação é a febre reumática, uma doença inflamatória que pode afetar coração, articulações e cérebro. Outra complicação possível, embora rara, é o abscesso peritonsilar, um acúmulo de pus atrás das amígdalas que causa dor intensa e dificuldade para abrir a boca.
Por isso, o diagnóstico correto e o tratamento com antibióticos prescritos por um médico são essenciais em casos bacterianos.
O que fazer nos primeiros sinais de dor de garganta?
Enquanto aguarda uma avaliação médica, algumas medidas podem ajudar a aliviar o desconforto inicial. É importante focar em hidratação e repouso para ajudar o corpo a combater o agente causador.
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Hidrate-se bem com água, chás mornos e sopas.
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Descanse a voz, evitando falar em excesso ou gritar.
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Gargarejos com água morna e sal podem proporcionar alívio temporário.
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Use um umidificador de ar para evitar o ressecamento da garganta.
O uso de antibióticos sem prescrição médica é ineficaz contra vírus e contribui para o aumento da resistência bacteriana, um grave problema de saúde pública. A automedicação nunca é recomendada.
Quando é necessário procurar um médico?
Nem toda dor de garganta requer uma visita imediata ao consultório. Contudo, é fundamental buscar avaliação profissional se você ou seu filho apresentar algum dos seguintes sinais:
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Dor de garganta que dura mais de uma semana.
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Febre alta persistente (acima de 38.5°C).
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Dificuldade para engolir ou respirar.
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Incapacidade de abrir a boca completamente.
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Presença de placas de pus na garganta ou amígdalas.
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Erupção cutânea no corpo.
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Dor de ouvido ou nas articulações.
Um especialista poderá realizar o diagnóstico correto e indicar o tratamento mais seguro e eficaz para cada caso.
Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui avaliação médica. Em caso de dúvidas, procure um especialista habilitado.




