Entenda como os tratamentos com Terapia de Reposição de Nicotina, bupropiona e vareniclina podem auxiliar no processo de cessação do tabagismo.

Resumo:

• Parar de fumar é um desafio devido à dependência física e psicológica da nicotina.

• Existem tratamentos medicamentosos de primeira linha que aumentam as chances de sucesso.

• A Terapia de Reposição de Nicotina (TRN) oferece nicotina de forma controlada para aliviar a abstinência.

• Medicamentos como bupropiona e vareniclina agem no cérebro para reduzir a vontade de fumar e o prazer associado ao cigarro.

• O acompanhamento médico é fundamental para definir a melhor estratégia terapêutica para cada caso.

A decisão está tomada. Você apaga o que prometeu ser seu último cigarro, sentindo uma mistura de alívio e ansiedade. As primeiras horas passam, mas logo a inquietação surge, a mente fica nublada e uma vontade intensa, quase incontrolável, de fumar aparece. Essa cena é familiar para milhões de pessoas que tentam abandonar o tabagismo.

A dependência da nicotina é complexa e poderosa, tornando a jornada para largar o cigarro um grande desafio. Felizmente, a medicina oferece suporte eficaz. Medicamentos como a Terapia de Reposição de Nicotina (TRN) e a vareniclina são considerados opções de primeira linha, ajudando a controlar os desejos e sintomas de abstinência ao agir no cérebro. Essas ferramentas são validadas cientificamente, projetadas para aliviar a fissura e dobrar ou até triplicar as chances de sucesso.

Por que é tão difícil largar o cigarro?

Entender a dificuldade é o primeiro passo para superá-la. A nicotina, presente no tabaco, é uma substância psicoativa que age diretamente no cérebro. Em poucos segundos após uma tragada, ela ativa circuitos de recompensa, liberando dopamina e gerando uma sensação de prazer e bem-estar.

Com o tempo, o cérebro se adapta e passa a precisar da nicotina para funcionar normalmente. Quando o fornecimento é interrompido, surge a crise de abstinência, caracterizada por sintomas como:

• Irritabilidade e ansiedade;

• Dificuldade de concentração;

• Desejo intenso de fumar (fissura);

• Aumento do apetite;

• Humor deprimido;

• Insônia.

É nesse ponto que o tratamento medicamentoso atua, oferecendo um suporte químico para que o paciente possa focar nos aspectos comportamentais e psicológicos da dependência.

Quais são os principais medicamentos para parar de fumar?

Os tratamentos mais eficazes, considerados de primeira linha pelo Ministério da Saúde e por diretrizes internacionais, dividem-se em duas categorias principais: terapias de reposição de nicotina (TRN) e medicamentos sem nicotina. A escolha depende do grau de dependência, do histórico de saúde do paciente e da avaliação médica.

Como funciona cada tipo de tratamento?

Cada medicamento possui um mecanismo de ação específico para ajudar o fumante a lidar com os desafios da cessação. É comum, inclusive, a combinação de diferentes métodos sob supervisão médica para potencializar os resultados.

Terapia de reposição de nicotina (trn): aliviando a abstinência

A Terapia de Reposição de Nicotina (TRN) é uma abordagem muito conhecida e considerada uma opção de primeira linha para ajudar a parar de fumar. Seu objetivo é fornecer ao corpo nicotina de forma controlada, sem as toxinas presentes no cigarro. Isso permite que a pessoa lide gradualmente com os sintomas de abstinência.

A TRN combinada, por exemplo, mostra-se eficaz para gerenciar a abstinência e diminuir a vontade de fumar, pois ajuda a estabilizar os níveis de nicotina no organismo. As formas mais comuns de TRN incluem:

• Adesivos transdérmicos: colados na pele, liberam nicotina de forma lenta e constante ao longo do dia. São ideais para manter um nível estável da substância no organismo.

• Gomas e pastilhas: oferecem doses rápidas de nicotina para controlar picos de fissura. São uma ótima ferramenta para momentos de vontade intensa.

Bupropiona: um aliado para o humor e a fissura

Originalmente desenvolvido como um antidepressivo, o cloridrato de bupropiona demonstrou ser muito eficaz no tratamento do tabagismo. Este medicamento não contém nicotina e pode aumentar suas chances de parar de fumar em 49% a 72%. Ele age em neurotransmissores no cérebro, como a dopamina e a noradrenalina, o que ajuda a reduzir o desejo de fumar, os sintomas da abstinência e o humor deprimido.

O tratamento com bupropiona geralmente começa uma a duas semanas antes da data marcada para parar de fumar, permitindo que o medicamento atinja um nível estável no organismo.

Vareniclina: reduzindo o prazer de fumar

A vareniclina é um medicamento desenvolvido especificamente para a cessação do tabagismo e é considerada uma das opções de primeira linha. Assim como a TRN, ela atua no cérebro para reduzir os sintomas de abstinência e o desejo de fumar. Sua ação é dupla: primeiro, ela se liga aos receptores de nicotina no cérebro, diminuindo a intensidade da crise de abstinência. Segundo, caso a pessoa tenha uma recaída e fume, a vareniclina impede que a nicotina do cigarro ative esses receptores, reduzindo a sensação de prazer associada ao fumo.

Essa dupla ação torna o ato de fumar menos recompensador, o que facilita o abandono do hábito. Assim como a bupropiona, seu uso deve ser iniciado antes do dia estabelecido para parar.

O SUS oferece tratamento para parar de fumar?

Sim. O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece um programa completo e gratuito para o tratamento do tabagismo. O programa inclui avaliação clínica, abordagem terapêutica em grupo ou individual e, quando necessário, acesso aos medicamentos.

De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), órgão do Ministério da Saúde, os medicamentos disponibilizados incluem a terapia de reposição de nicotina (adesivo e goma de mascar) e o cloridrato de bupropiona. Para ter acesso, o interessado deve procurar a Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima e se informar sobre os grupos de combate ao tabagismo.

Quando devo procurar ajuda médica?

A decisão de parar de fumar é o passo mais importante, e buscar ajuda profissional é o que torna essa decisão mais sólida e com maiores chances de sucesso. O acompanhamento médico é essencial para avaliar seu estado de saúde geral, entender seu nível de dependência e indicar o tratamento mais seguro e eficaz para seu perfil.

O médico poderá prescrever medicamentos que exigem receita, ajustar dosagens e combinar terapias. Além disso, o suporte profissional vai além dos remédios, englobando apoio psicológico e estratégias comportamentais que são cruciais para prevenir recaídas e manter-se livre do cigarro a longo prazo.

Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui avaliação médica. Em caso de dúvidas, procure um especialista habilitado.