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Cardiologia

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Marca-passo cardíaco: dicas para qualidade de vida

Saiba o que é esse aparelho, quando, como e em quais pacientes deve ser implementado, e muito mais
MG
Dr. Marcos Guilherme Martinelli Saccab - Cardiologista Atualizado em 22/02/2021

Nosso coração é como uma bomba que, a cada batimento, requer um pequeno estímulo elétrico para se contrair, semelhante a uma "faísca", que é produzida e canalizada por seu próprio sistema elétrico. No entanto, algumas pessoas apresentam danos nesse sistema, o que causa uma queda da frequência cardíaca abaixo do normal, resultando em vários sintomas desagradáveis. O marca-passo cardíaco veio como solução para esses pacientes, sendo uma ferramenta vital no tratamento de arritmias associadas à insuficiência cardíaca, pois atua desde a prevenção e reabilitação desse tipo de ocorrência até a possibilidade de interferir em distúrbios complexos do coração.

Para que serve o marca-passo?

Mas, afinal, para que serve o marca-passo? Esse aparelho produz estímulos elétricos de baixa energia que, por meio dos eletrodos, estimulam o coração e criam batimentos cardíacos, com auxílio de um ou dois cabos especiais. Ele é colocado em situações em que a estimulação autóctone do coração é perturbada, resultando no aparecimento de arritmias. De acordo com o Dr. Marcos Martinelli, cardiologista e especialista em dispositivos cardíacos artificiais (marca-passo) do H9J, o médico tem um papel importante na validação dos sintomas e da necessidade do dispositivo:     

“Estas situações (as arritmias) podem provocar tonturas, cansaço fácil, palpitações, desmaios ou, às vezes, nada provocar. Cabe ao médico dar valor a estes sintomas e indicar a necessidade do implante de marca-passo."

O marca-passo detecta os batimentos cardíacos, sendo programado para entender qual é a frequência cardíaca normal (ou satisfatória) e reconhecer o momento em que ela fica lenta, de forma a iniciar a transmissão dos estímulos. Muitas outras funções podem ser programadas, como a força dos estímulos e a sensibilidade do marca-passo para detectar um batimento cardíaco normal. Daí a importância de o médico escolhido para a colocação do apetrecho compreender precisamente suas necessidades diárias.

Se você tem dúvidas sobre como colocar um marca-passo, explicaremos resumidamente: os fios do implante são inseridos em uma veia em específico e avançados até o coração (átrio direito ou ventrículo direito). O marca-passo é então inserido em um “estojo" (como se fosse um bolso) que é, portanto, criado sob a pele. Após isso, são conectados os cabos. Essa operação é relativamente simples, de curta duração e realizada sob anestesia local.

Poucos dias após a aplicação, os pacientes não costumam perceber o funcionamento do aparelho em si, mas sentem que finalmente o coração encontrou o ritmo certo. Agora, o marca-passo é uma parte integrante do corpo, que permite o retorno à realização de tarefas diárias.

Como é a vida de quem usa marca-passo?

Felizmente, os avanços da Medicina no que diz respeito à criação do marca-passo, possibilitaram que esses pacientes vivam uma vida normal e de qualidade, apesar de alguns pequenos cuidados extra no dia a dia.

A pessoa que tem um marca-passo pode realizar qualquer atividade física, desde que seja compatível com a sua condição e capacidade. Caminhar, andar de bicicleta, subir escadas ou mesmo cuidar da casa não causarão problemas.

Outras respostas frequentemente buscadas por quem implementou um marca-passo: esses aparelhos são totalmente compatíveis com todos os medicamentos. Outro fato importante é que não será necessário cancelar nenhuma viagem, pois o marca-passo não é afetado por nenhuma condição desse tipo nem por nenhum meio de transporte. É válido, porém, informar aos encarregados pela segurança de aeroportos, lojas de departamentos e bancos, sobre a utilização do marca-passo, para não passar pelo controle magnético (portas magnéticas, detectores magnéticos).

Quem tem marca-passo pode usar celular e aparelhos eletrônicos?

Sim, mas é importante ter atenção. Recomendamos que use o celular na mão oposta ao lado onde o marca-passo está localizado, mantendo ainda uma distância de 10 a 15 cm do implante em si. Se for falar ao telefone, também é aconselhável segurar o celular na orelha do outro lado de onde o marca-passo foi implantado. Importante: nunca coloque o aparelho no bolso da camisa, acima do ponto onde o marca-passo foi colocado.

Isso acontece porque, como já explicamos, o marca-passo é um dispositivo eletrônico. Embora esteja bem protegido contra interferências que possam afetar o seu pleno funcionamento, existem fontes de interferência eletromagnética que podem causar uma alteração temporária nos seus parâmetros. Se isso acontecer, o aparelho terá uma alteração temporária dos valores de seus parâmetros.

A maioria dos eletrodomésticos é segura e não afeta o marca-passo, mas uma dica valiosa é não se aproximar de aparelhos elétricos que não tenham um bom aterramento, como rádio, televisão, antena de radares ou campos eletromagnéticos fortes. Se sentir tontura enquanto estiver usando determinados eletrodomésticos, como um aspirador de pó, a batedeira ou o forno de micro-ondas, por exemplo, não os use novamente e informe seu médico.

Quem tem marca-passo pode fazer tomografia?

Esse ponto é importante! Em relação aos exames médicos, os pacientes que têm marca-passo não podem fazer exames de tomografia nem de ressonância magnética (a menos que tenham um marca-passo compatível). Esses pequenos aparelhos cardíacos possuem peças metálicas e circuitos eletrônicos sensíveis, que se expostos ao campo magnético de uma tomografia ou ressonância magnética podem causar problemas significativos no paciente em questão. Por isso, em qualquer situação hospitalar, sempre informe a equipe responsável que você possui um implante de marca-passo no coração.

Cuidados necessários para portadores de marca-passo cardíaco

Assim que o marca-passo é implantado, uma série de cuidados passam a ser necessários, principalmente no primeiro mês. Os trinta dias após a cirurgia requer alguns cuidados em relação à cicatrização da ferida operatória e do retorno das atividades. É o que explica o Dr. Marcos Martinelli:

“Durante este primeiro mês, você não deve dar pulos, viajar de carro em estrada de terra, dirigir automóvel, guiar motocicletas, carregar, suspender ou empurrar pesos. Mas você pode escovar os dentes, pegar coisas leves, usar talheres nas refeições e realizar outras atividades correspondentes. Passado esse período (1 mês), você pode, aos poucos, liberar-se para atividades mais fortes: pode começar a dirigir automóvel, realizar caminhadas mais rápidas e carregar algum peso."

Sobre a cicatrização no pós-operatório ele complementa que nos primeiros sete dias deve-se manter o local limpo e seco, para isso use apenas água e sabonete. E evite dormir do lado em que foi implantado o marca-passo.

Outras recomendações:

Se for necessário erguer o braço para, por exemplo, lavar ou pentear os cabelos, procure fazê-lo sem realizar movimentos rápidos.

Você pode ainda, caminhar a qualquer distância, mas procure fazê-la em ritmo lento para não forçar o movimento dos braços.

Você só deve realizar atividades físicas como natação, jogo de tênis, vôlei, futebol e outras, após completar 90 dias.

Retorno ao trabalho:

  • Se você for trabalhador braçal (pedreiro, doméstica, carpinteiro, lavrador, etc.) não deve retornar ao trabalho antes de 90 dias (3 meses).

  • Se você não for um trabalhador braçal, provavelmente o retorno ao trabalho deverá ser mais rápido de acordo com a orientação médica.

Acompanhamento clínico após o marca-passo

Uma semana depois da cirurgia o paciente deverá retornar ao hospital para retirada de pontos - caso não seja absorvível, o que é a maioria dos casos - da cicatriz cirúrgica e realizar a primeira avaliação do marca-passo. Ao longo do tempo as visitas ao consultório vão diminuindo conforme o caso. Em geral, as avaliações posteriores de rotina são programadas para 30 e 90 dias depois da cirurgia, para então estabilizarem a cada 4 ou 6 meses.

Escrito por
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Dr. Marcos Guilherme Martinelli Saccab

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