O tratamento da fratura óssea normalmente envolve a imobilização do osso comprometido e das articulações próximas ao local da fratura. Porém, quando o trauma ocorre no tórax e as costelas sofrem fraturas, esse princípio de imobilização não se aplicam na maioria dos casos.
Isso acontece porque as costelas participam ativamente da respiração do indivíduo. E quando a fratura de costelas acomete pessoas com idade acima dos 65 anos, o tratamento requer cuidados ainda maiores.
Entenda
As costelas fazem parte da estrutura óssea da parede torácica, que se encontra permanentemente em movimento, durante a inspiração e a expiração. Esses movimentos somados a outros mecanismos respiratórios fazem com que os pulmões recebam o ar com oxigênio e eliminem o ar com dióxido de carbono permitindo a oxigenação do nosso corpo, o que é fundamental para a manutenção da vida.
Assim sendo, a consolidação da fratura de costela ocorre mesmo com ela em movimento. Qualquer imobilização que restrinja o movimento das costelas pode ser muito prejudicial à respiração do indivíduo.
Em pessoas jovens, com boa reserva fisiológica e sem doenças pré-existentes o processo de consolidação ocorre em até quatro semanas, sem grandes complicações. Nos idosos, porém, a recuperação é mais lenta e pode ultrapassar quatro semanas, devido à menor reserva fisiológica por conta do envelhecimento, e também por causa da alta incidência de doenças crônicas degenerativas associadas.
Tratamento
O objetivo do tratamento do trauma torácico com fraturas de costelas é controlar a dor para manter a fisiologia normal da respiração apesar da fratura. As ações incluem a analgesia agressiva (controle da dor) e o estímulo à respiração, que pode ser feito de duas maneiras:
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Passiva: com o paciente respirando mais profundamente e movimentando adequadamente a caixa torácica
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Ativa: quando são utilizados equipamentos que levam ar para os pulmões com o uso de pressão positiva.
É importante salientar que o corpo do idoso costuma trabalhar próximo do limite da capacidade da maioria de seus sistemas orgânicos. Frequentemente, o idoso também é portador de doenças crônicas como diabetes, hipertensão arterial sistêmica, aterosclerose, insuficiência renal, doença pulmonar crônica etc.
Assim, o idoso pode demorar mais tempo para consolidar as fraturas de costelas e também possui maior risco de complicações como pneumonia e infecção. “Há ainda o risco de outras doenças degenerativas que dificultam o tratamento, como as demências. Quando necessário a vítima de trauma torácico com fraturas de costelas é melhor assistida com internação hospitalar.
Como identificar?
A suspeita de fraturas de costelas é feita com a ocorrência de trauma torácico e a existência de dor no local do trauma. A dor em geral piora com a movimentação do tórax e com a respiração. A dor também pode piorar com a palpação principalmente na costela e no local onde houve a fratura. Pode ou não existir inchaço e mancha roxa no local do trauma.
É importante procurar imediatamente ajuda médica para que seja iniciado o tratamento e para que sejam descartadas consequências mais graves, como hemorragias. Quanto mais rápido for feito o diagnóstico, melhor a chance de o paciente se recuperar sem sequelas.
Dr. Renato Poggetti é cirurgião e coordenador do Centro de Trauma do Hospital 9 de Julho.