
Entenda como a obstrução de uma artéria cerebral pode causar danos severos e aprenda a identificar os sinais que exigem ajuda médica imediata.
Imagine uma conversa durante o jantar. De repente, um familiar começa a falar de forma arrastada, parece confuso e um lado de sua boca parece torto. Essa cena, infelizmente comum, pode ser o início de um acidente vascular cerebral isquêmico (AVCI), uma emergência médica onde cada segundo é crucial para evitar danos permanentes ao cérebro.
Em um AVC isquêmico, a cada minuto que passa sem tratamento, estima-se a perda de aproximadamente 1,9 milhão de neurônios, reforçando a importância vital de buscar ajuda médica imediata.
O que é um acidente vascular cerebral isquêmico?
O acidente vascular cerebral (AVC) isquêmico, popularmente conhecido como derrame, acontece quando uma artéria que fornece sangue rico em oxigênio ao cérebro fica obstruída. Sem esse suprimento, as células cerebrais começam a morrer em poucos minutos, causando um déficit neurológico.
Essa condição representa a grande maioria dos casos de AVC. O bloqueio pode ser causado por um coágulo formado no local (trombose) ou por um coágulo que viajou de outra parte do corpo até o cérebro (embolia).
Qual a diferença entre AVCI e AVC hemorrágico?
Embora ambos sejam tipos de AVC, suas causas são opostas. Enquanto o AVC isquêmico ocorre por um bloqueio, o AVC hemorrágico é causado pelo rompimento de um vaso sanguíneo, provocando um sangramento dentro ou ao redor do cérebro. O tratamento para cada tipo é completamente diferente, por isso o diagnóstico rápido e preciso é vital.
Quais são os principais sinais de alerta de um AVCI?
Reconhecer os sintomas de um AVC isquêmico rapidamente pode salvar uma vida e minimizar as sequelas. Uma estratégia simples e eficaz, recomendada por serviços de emergência como o SAMU, é a escala SAMU.
Peça para a pessoa:
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S (Sorriso): peça para a pessoa sorrir. Se um lado do rosto ficar caído, é um sinal de alerta.
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A (Abraço): peça para a pessoa levantar os dois braços. Se um deles cair ou não conseguir se levantar, pode ser um sinal.
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M (Música): peça para a pessoa cantarolar ou falar uma frase simples. Uma fala arrastada ou incompreensível é um sintoma importante.
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U (Urgente): se identificar qualquer um desses sinais, ligue imediatamente para o serviço de emergência (SAMU - 192).
Outros sintomas podem incluir: confusão mental súbita, dificuldade para enxergar com um ou ambos os olhos, tontura, perda de equilíbrio ou coordenação e dor de cabeça súbita e intensa sem causa aparente.
O que causa um acidente vascular cerebral isquêmico?
A principal causa subjacente do AVCI é a aterosclerose, um processo no qual placas de gordura, colesterol e outras substâncias se acumulam nas paredes das artérias, estreitando-as e facilitando a formação de coágulos.
Diversos fatores de risco contribuem para esse processo e aumentam a probabilidade de um AVC. É fundamental controlá-los.
Fatores de risco controláveis
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Hipertensão arterial: a pressão alta é o principal fator de risco para AVC.
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Diabetes: o excesso de açúcar no sangue danifica os vasos sanguíneos ao longo do tempo.
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Colesterol alto: contribui diretamente para a formação de placas de aterosclerose.
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Tabagismo: acelera a formação de placas e aumenta a coagulação do sangue.
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Sedentarismo e obesidade: estão associados a outras condições de risco como hipertensão e diabetes.
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Fibrilação atrial: um tipo de arritmia cardíaca que pode formar coágulos no coração, que por sua vez podem viajar para o cérebro.
Como é feito o diagnóstico e o tratamento do AVCI?
O diagnóstico é uma corrida contra o tempo. Ao chegar ao hospital, o paciente passa por uma avaliação neurológica e exames de imagem, como a tomografia computadorizada ou a ressonância magnética do cérebro. Esses exames são essenciais para confirmar se o AVC é isquêmico e para descartar um quadro hemorrágico.
A janela terapêutica e a importância do tempo
No tratamento do AVCI, a expressão "tempo é cérebro" é levada ao pé da letra. Existe um período limitado, conhecido como janela terapêutica, para que os tratamentos mais eficazes possam ser aplicados. É crucial restaurar o fluxo sanguíneo cerebral imediatamente, pois a eficácia dos tratamentos padrão diminui significativamente após 4,5 horas do início dos sintomas.
O tratamento para o AVC isquêmico tem uma janela de tempo muito pequena, o que torna o atendimento rápido essencial para melhores resultados. Os principais tratamentos de emergência visam restaurar o fluxo sanguíneo:
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Terapia trombolítica: consiste na administração de medicamentos na veia para dissolver o coágulo que está obstruindo a artéria. Este tratamento é mais eficaz se iniciado em até 4,5 horas após o início dos sintomas.
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Trombectomia mecânica: um procedimento no qual um cateter é inserido através de uma artéria (geralmente na virilha) e guiado até o cérebro para remover mecanicamente o coágulo. Este procedimento pode ser realizado em até 24 horas em casos selecionados, mas o atendimento imediato continua sendo crucial.
A escolha do tratamento depende do tempo de início dos sintomas, do tamanho e localização do coágulo e das condições gerais do paciente. Por isso, a busca por ajuda médica imediata é o passo mais importante.
Como é a vida após um AVC isquêmico?
As consequências de um AVC isquêmico variam amplamente, dependendo da área do cérebro afetada e da extensão do dano. As sequelas podem incluir dificuldades motoras, problemas de fala (afasia), alterações de sensibilidade, déficits de memória e mudanças emocionais.
A reabilitação é uma etapa crucial do tratamento e deve ser iniciada o mais cedo possível. Envolve uma equipe multidisciplinar com profissionais como:
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Fisioterapeutas, para recuperar movimentos e força.
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Fonoaudiólogos, para auxiliar na recuperação da fala e da deglutição.
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Terapeutas ocupacionais, para ajudar o paciente a readquirir a independência em atividades diárias.
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Neurologistas e psicólogos, para gerenciar as sequelas neurológicas e o impacto emocional.
A prevenção de um novo evento é igualmente importante, o que envolve o controle rigoroso dos fatores de risco com medicamentos e mudanças no estilo de vida.
É possível prevenir um acidente vascular cerebral isquêmico?
Sim. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), muitas mortes prematuras por AVC poderiam ser evitadas. A prevenção passa diretamente pelo controle dos fatores de risco mencionados anteriormente.
Adotar um estilo de vida saudável é a melhor estratégia.
Isso inclui:
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Manter uma dieta equilibrada, com baixo teor de sal e gorduras saturadas.
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Praticar atividade física regularmente, conforme orientação profissional.
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Não fumar e evitar o consumo excessivo de álcool.
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Realizar consultas médicas regulares para monitorar a pressão arterial, os níveis de glicose e o colesterol.
Para pessoas com condições como fibrilação atrial ou outras doenças cardíacas, o uso de medicamentos anticoagulantes, sempre sob prescrição médica, pode ser necessário para prevenir a formação de coágulos.
Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui avaliação médica. Em caso de dúvidas, procure um especialista habilitado.




