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Acidente vascular cerebral isquêmico: sintomas e a urgência do tratamento

Saiba reconhecer os sintomas, entenda as causas e por que o socorro imediato é vital para a recuperação, com a cada minuto sendo decisivo.
ENJ
Equipe Nove de Julho - Equipe Nove de Julho Atualizado em 01/12/2025

Entenda como a obstrução de uma artéria cerebral pode causar danos severos e aprenda a identificar os sinais que exigem ajuda médica imediata.

Imagine uma conversa durante o jantar. De repente, um familiar começa a falar de forma arrastada, parece confuso e um lado de sua boca parece torto. Essa cena, infelizmente comum, pode ser o início de um acidente vascular cerebral isquêmico (AVCI), uma emergência médica onde cada segundo é crucial para evitar danos permanentes ao cérebro. 

Em um AVC isquêmico, a cada minuto que passa sem tratamento, estima-se a perda de aproximadamente 1,9 milhão de neurônios, reforçando a importância vital de buscar ajuda médica imediata.

O que é um acidente vascular cerebral isquêmico?

O acidente vascular cerebral (AVC) isquêmico, popularmente conhecido como derrame, acontece quando uma artéria que fornece sangue rico em oxigênio ao cérebro fica obstruída. Sem esse suprimento, as células cerebrais começam a morrer em poucos minutos, causando um déficit neurológico.

Essa condição representa a grande maioria dos casos de AVC. O bloqueio pode ser causado por um coágulo formado no local (trombose) ou por um coágulo que viajou de outra parte do corpo até o cérebro (embolia).

Qual a diferença entre AVCI e AVC hemorrágico?

Embora ambos sejam tipos de AVC, suas causas são opostas. Enquanto o AVC isquêmico ocorre por um bloqueio, o AVC hemorrágico é causado pelo rompimento de um vaso sanguíneo, provocando um sangramento dentro ou ao redor do cérebro. O tratamento para cada tipo é completamente diferente, por isso o diagnóstico rápido e preciso é vital.

Quais são os principais sinais de alerta de um AVCI?

Reconhecer os sintomas de um AVC isquêmico rapidamente pode salvar uma vida e minimizar as sequelas. Uma estratégia simples e eficaz, recomendada por serviços de emergência como o SAMU, é a escala SAMU. 

Peça para a pessoa:

  • S (Sorriso): peça para a pessoa sorrir. Se um lado do rosto ficar caído, é um sinal de alerta.

  • A (Abraço): peça para a pessoa levantar os dois braços. Se um deles cair ou não conseguir se levantar, pode ser um sinal.

  • M (Música): peça para a pessoa cantarolar ou falar uma frase simples. Uma fala arrastada ou incompreensível é um sintoma importante.

  • U (Urgente): se identificar qualquer um desses sinais, ligue imediatamente para o serviço de emergência (SAMU - 192).

Outros sintomas podem incluir: confusão mental súbita, dificuldade para enxergar com um ou ambos os olhos, tontura, perda de equilíbrio ou coordenação e dor de cabeça súbita e intensa sem causa aparente.

O que causa um acidente vascular cerebral isquêmico?

A principal causa subjacente do AVCI é a aterosclerose, um processo no qual placas de gordura, colesterol e outras substâncias se acumulam nas paredes das artérias, estreitando-as e facilitando a formação de coágulos.

Diversos fatores de risco contribuem para esse processo e aumentam a probabilidade de um AVC. É fundamental controlá-los.

Fatores de risco controláveis

  • Hipertensão arterial: a pressão alta é o principal fator de risco para AVC.

  • Diabetes: o excesso de açúcar no sangue danifica os vasos sanguíneos ao longo do tempo.

  • Colesterol alto: contribui diretamente para a formação de placas de aterosclerose.

  • Tabagismo: acelera a formação de placas e aumenta a coagulação do sangue.

  • Sedentarismo e obesidade: estão associados a outras condições de risco como hipertensão e diabetes.

  • Fibrilação atrial: um tipo de arritmia cardíaca que pode formar coágulos no coração, que por sua vez podem viajar para o cérebro.

Como é feito o diagnóstico e o tratamento do AVCI?

O diagnóstico é uma corrida contra o tempo. Ao chegar ao hospital, o paciente passa por uma avaliação neurológica e exames de imagem, como a tomografia computadorizada ou a ressonância magnética do cérebro. Esses exames são essenciais para confirmar se o AVC é isquêmico e para descartar um quadro hemorrágico.

A janela terapêutica e a importância do tempo

No tratamento do AVCI, a expressão "tempo é cérebro" é levada ao pé da letra. Existe um período limitado, conhecido como janela terapêutica, para que os tratamentos mais eficazes possam ser aplicados. É crucial restaurar o fluxo sanguíneo cerebral imediatamente, pois a eficácia dos tratamentos padrão diminui significativamente após 4,5 horas do início dos sintomas.

O tratamento para o AVC isquêmico tem uma janela de tempo muito pequena, o que torna o atendimento rápido essencial para melhores resultados. Os principais tratamentos de emergência visam restaurar o fluxo sanguíneo:

  • Terapia trombolítica: consiste na administração de medicamentos na veia para dissolver o coágulo que está obstruindo a artéria. Este tratamento é mais eficaz se iniciado em até 4,5 horas após o início dos sintomas.

  • Trombectomia mecânica: um procedimento no qual um cateter é inserido através de uma artéria (geralmente na virilha) e guiado até o cérebro para remover mecanicamente o coágulo. Este procedimento pode ser realizado em até 24 horas em casos selecionados, mas o atendimento imediato continua sendo crucial.

A escolha do tratamento depende do tempo de início dos sintomas, do tamanho e localização do coágulo e das condições gerais do paciente. Por isso, a busca por ajuda médica imediata é o passo mais importante.

Como é a vida após um AVC isquêmico?

As consequências de um AVC isquêmico variam amplamente, dependendo da área do cérebro afetada e da extensão do dano. As sequelas podem incluir dificuldades motoras, problemas de fala (afasia), alterações de sensibilidade, déficits de memória e mudanças emocionais.

A reabilitação é uma etapa crucial do tratamento e deve ser iniciada o mais cedo possível. Envolve uma equipe multidisciplinar com profissionais como:

  • Fisioterapeutas, para recuperar movimentos e força.

  • Fonoaudiólogos, para auxiliar na recuperação da fala e da deglutição.

  • Terapeutas ocupacionais, para ajudar o paciente a readquirir a independência em atividades diárias.

  • Neurologistas e psicólogos, para gerenciar as sequelas neurológicas e o impacto emocional.

A prevenção de um novo evento é igualmente importante, o que envolve o controle rigoroso dos fatores de risco com medicamentos e mudanças no estilo de vida.

É possível prevenir um acidente vascular cerebral isquêmico?

Sim. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), muitas mortes prematuras por AVC poderiam ser evitadas. A prevenção passa diretamente pelo controle dos fatores de risco mencionados anteriormente.

Adotar um estilo de vida saudável é a melhor estratégia. 

Isso inclui:

  • Manter uma dieta equilibrada, com baixo teor de sal e gorduras saturadas.

  • Praticar atividade física regularmente, conforme orientação profissional.

  • Não fumar e evitar o consumo excessivo de álcool.

  • Realizar consultas médicas regulares para monitorar a pressão arterial, os níveis de glicose e o colesterol.

Para pessoas com condições como fibrilação atrial ou outras doenças cardíacas, o uso de medicamentos anticoagulantes, sempre sob prescrição médica, pode ser necessário para prevenir a formação de coágulos.

Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui avaliação médica. Em caso de dúvidas, procure um especialista habilitado.

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