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Doenças inflamatórias intestinais: o que são, como surgem e como tratar?

 

​As Doenças Inflamatórias Intestinais (DII) representam distúrbios que levam à inflamação crônica do trato digestivo. Aproximadamente 10 milhões de pessoas vivem com DII em todo o mundo, de acordo com o Ministério da Saúde. Esse número vem aumentando no mundo e no Brasil, e a explicação para esse fato pode estar relacionada com o estilo de vida industrializado ocidental.  

Um estudo do estado de São Paulo, que envolveu mais de 20 mil pacientes entre 2012 e 2015, mostrou taxa de incidência de 13,3 casos novos a cada 100 mil habitantes por ano, com índices de prevalência em torno de 25 pacientes para cada 100 mil habitantes. No entanto, as estatísticas nacionais ainda são pouco confiáveis, por conta de bases de dados inadequadas, além de atraso e confusão diagnóstica. 

As DII são enfermidades de causa imune que têm componente genético, geralmente poligênico, ou seja, diversos genes participam da predisposição à doença. Quando são precoces e graves, podem ter hereditariedade mais pronunciada, com um ou poucos genes alterados. 

A exposição ambiental parece ter papel importante no desenvolvimento das DII, mas ainda não se pode atribuir um hábito alimentar ou de vida específico ao seu surgimento. Na maioria das vezes, a condição é idiopática, ou seja, sem uma causa única e definida conhecida.  

De acordo com o gastroenterologista clínico Dr. Daniel Machado Baptista, coordenador do Centro de Doenças Inflamatórias Intestinais do Hospital 9 de Julho, as DII são doenças crônicas que causam inflamação dos intestinos em intensidades variadas, em pacientes geneticamente predispostos. “As DII podem causar dores ou distensão no abdome, diarreia com sangue e emagrecimento, prejudicando a qualidade de vida do paciente", afirma o médico. 

Essas doenças costumam acometer principalmente jovens adultos, entre 20 e 40 anos, mas também ocorrem em crianças e idosos. Por isso, o diagnóstico precoce é fundamental, para que o tratamento instituído seja eficaz. Nota-se um importante atraso no diagnóstico da condição em nosso país, por meio de estudos que demonstram que ele pode demorar até 31 meses. Além disso, é necessário acompanhamento regular por uma equipe especializada e multiprofissional. 

Tipos 

Os dois tipos mais comuns de DII são a doença de Crohn e a retocolite ulcerativa, com estatísticas nacionais apontando leve predominância da última. Há ainda uma situação denominada colite indeterminada, na qual o paciente não se enquadra em nenhuma das duas categorias. 

  • ​Doença de Crohn 

Trata-se da inflamação profunda (toda a espessura da parede) e extensa (pode atingir da boca ao ânus) do trato digestivo. Geralmente tem caráter salteado, ou seja, áreas saudáveis do intestino são intercaladas por áreas doentes. Causa dor abdominal e diarreia na maioria dos casos, porém, nem sempre a diarreia está presente, especialmente se a doença acomete o intestino delgado preferencialmente. Muitos pacientes podem ter anemia, febre, emagrecimento, dores articulares e até secreções no ânus. Os sintomas surgem com mais frequência em pessoas com mais de 30 anos. A doença se apresenta em diversos graus e pode afetar áreas diferentes dos intestinos, causando inflamação, estreitamento ou mesmo perfuração do órgão.​

  • ​​​​Retocolite ulcerativa

É uma inflamação superficial (atinge apenas a mucosa) e limitada (restrita ao cólon e reto) do intestino grosso. Geralmente, a inflamação começa no reto e vai subindo ao longo do intestino grosso. Causa dor abdominal e diarreia com sangue na maioria dos casos. Os sintomas normalmente se apresentam em pessoas com mais de 30 anos. Quando a inflamação crônica não é controlada, há maior risco de desenvolvimento de câncer de cólon. Pode haver uma situação particularmente grave denominada colite fulminante, que exige tratamento imediato, podendo ser necessária a retirada de todo o intestino grosso.

 Fatores de risco 

  • ​Histórico familiar

Pessoas com parentes próximos, especialmente os de primeiro grau, como pai, mãe e irmãos, que têm a doença têm maior risco de desenvolvê-la. 

  • ​Idade 

As DII têm pico de diagnóstico dos 20 aos 40 anos, quando acometem indivíduos no ápice de sua vida produtiva, porém, podem surgir também dos 50 aos 60 anos. 

  • Tabagismo 

O hábito aumenta as chances de complicações em cirurgias na doença de Crohn. Alguns estudos mostram que fumar pode proteger contra a retocolite ulcerativa, porém, o aumento do risco de desenvolver câncer de intestino associado a esse hábito torna isso altamente não recomendável. 

  • Medicamentos anti-inflamatórios

São capazes de causar inflamação intestinal e levar a crises da doença em pacientes com DII.

  • ​Fator ambiental

Dietas ricas em gordura ou alimentos refinados, processados e ultraprocessados, além de climas frios, têm associação estatística com as DII

Quais os principais sinais e sintomas da condição? 

Entre os principais sinais e sintomas das DII estão cólicas no abdome e distensão abdominal, além de diarreia, sangramento retal e cansaço. As DII são doenças sistêmicas, ou seja, além de afetar o intestino, podem gerar inflamação em outros órgãos, causando as chamadas manifestações extraintestinais, que podem causar vermelhidão nos olhos, aftas na cavidade oral, lesões na pele, problemas no fígado e dores e/ou inflamação nas articulações. O quadro clínico varia de acordo com a região atingida, a intensidade da inflamação e a forma como a doença se comporta. 

Como realizar o diagnóstico? 

Ao perceber algum dos sinais e sintomas mencionados anteriormente, deve-se procurar um médico para avaliação e tratamento adequados, com o objetivo de evitar as formas mais graves da doença. O diagnóstico ​é feito por meio de exames como colonoscopia, endoscopia digestiva, tomografia, ressonância magnética e análise de sangue e fezes.

Como tratar? 

Apesar de serem crônicas, as DII podem ser tratadas com terapias muito eficientes para amenizar os sintomas e proporcionar mais qualidade de vida. Em muitos casos são utilizados medicamentos, porém, uma parcela significativa de pacientes poderá necessitar de intervenção cirúrgica. É possível levar uma vida normal se o tratamento for feito corretamente. Engana-se, porém, quem acredita que a ausência de sintomas é sinônimo de tratamento adequado – é preciso confirmar a ausência da inflamação nos intestinos, por meio de exames. 

De acordo com o Dr. Daniel Machado Baptista, coordenador do Centro de Doenças Inflamatórias Intestinais do Hospital 9 de Julho: “O tratamento é sempre individualizado. Ele pode ser feito com medicamentos, cirurgias, terapia nutricional e até transplante de medula óssea em casos selecionados.". E completa: “A ideia é aproveitar a chamada janela de oportunidade, ou seja, o momento em que a doença pode ser tratada, para evitar complicações em longo prazo".  

O acompanhamento deve ser multidisciplinar, com diversos especialistas, como oftalmologistas, dentistas, dermatologistas, hepatologistas e reumatologistas. Além disso, o impacto dos sintomas na qualidade de vida e no trabalho do indivíduo é significativo, assim, psiquiatras e psicólogos são fundamentais para acompanhar esses pacientes. Nutrólogos e nutricionistas prescrevem dietas adequadas, que, em geral, não devem ser muito restritivas. Para o paciente operado com ostomia – a popular “bolsinha coletora de fezes" – e com feridas complexas na região perianal, o papel das enfermeiras no aconselhamento também é altamente relevante.  

Por que procurar um centro especializado? 

Em virtude da raridade dessas doenças, recomenda-se a busca por centros especializados, onde serão possíveis a abordagem multidisciplinar e o acompanhamento adequado. O gastroenterologista clínico é o especialista médico habilitado para isso, já que nem todo médico está familiarizado com as peculiaridades desses pacientes. 

O Centro de Doenças Inflamatórias Intestinais do 9 de Julho oferece a possibilidade de o paciente concentrar todo o seu cuidado em apenas um lugar. O centro conta com equipe ambulatorial multidisciplinar especializada; centro diagnóstico para realização de exames; prontuário unificado e digitalizado; centro de infusão e equipe de apoio para requisição de medicamentos de alto custo, além de unidade dedicada para doenças raras (incluindo as DII), com enfermagem especializada. ​

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