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ASCO 2021: Tumores de Mama

A Dra. Bruna Zucchetti destaca os principais estudos sobre tumores de mama apresentados no congresso

​​​​A Dra. Bruna Zuchetti traz as novidades sobre tratamento dos tumores de mama foram apresentados no congresso. Confira:

Lifestyle na prevenção e no controle de doença no câncer de mama

Em 2014, o ASCO fez o primeiro editorial sobre obesidade e câncer e começou a encarar a obesidade como um fator de risco e, também, um complicador na hora do tratamento do câncer.

Hoje, sabemos que há uma relação direta entre o maior índice de massa corpórea e mortalidade do câncer. Isso serve principalmente para os tumores com estreita relação hormonal, como é o caso do câncer de mama, por exemplo.

A obesidade é tanto um fator de risco para desenvolvimento do câncer (por manter o corpo em um estado de inflamação constante, entre diversos outros fatores) como piora o prognóstico dos pacientes já diagnosticados com algum tumor.

O ASCO fez então algumas recomendações que servem tanto para a prevenção quanto para os pacientes que já tem câncer:

  • Aumento do exercício físico traz mais benefícios e a recomendação é realizar pelo menos 150 min/semana de atividade aeróbica de moderada intensidade ou 75-150 min/semana de atividade aeróbica ao longo do dia e cuidar para evitar o sedentarismo ao longo do dia também, nas atividades do dia a dia. No caso dos pacientes com câncer, o ideal seria uma atividade física focada nas necessidades de cada paciente, por exemplo, na diminuição da fadiga, para manutenção da massa óssea e até para reabilitação.

  • ​Outra recomendação importante é a manutenção do peso ao longo do tempo evitando, assim, a obesidade. Para isso, o ASCO não recomendou nenhuma dieta específica, mas sugere evitar a ingesta de alimentos processados, principalmente as carnes.

  • No caso dos pacientes que já possuem algum tumor, nenhuma dieta específica foi recomendada. Dietas como jejum intermitente ou a dieta cetogênica ainda estão em estudo e não temos dados conclusivos de sua eficácia até o momento, portanto, não fazem parte das recomendações.

  • Limitar o consumo de álcool e evitar tabagismo.  

Câncer de mama metastático - Dados de sobrevida com inibidores de ciclina e estudos com novas drogas no câncer de mama

Houve a apresentação de dados de sobrevida com um seguimento mais longo do PALOMA-3 (Palbociclibe + fulvestranto para segunda linha de doença metastática) e os dados de sobrevida do Monaleesa-3 (Ribociclibe + Fulvestranto para segunda linha de doença metastática).  Essa classe de medicação continua demonstrando benefícios de sobrevida quando comparada ao placebo, com um ganho de aproximadamente 10 meses comparado ao placebo.

Foi apresentado, também, um novo inibidor de ciclina (chamado Dalpiciclibe) em um estudo chinês chamado DAWNA-1 (Dalpiciclibe + Fulvestranto X placebo + Fulvestranto para tumores de mama com receptor hormonal positivo HER-2 negativo metastático).

Foi um estudo pequeno, com apenas 361 pacientes. A sobrevida livre de progressão nesta análise foi de 15,7 meses para o grupo de Dalpiciclibe X 7,2 meses para o grupo placebo. Dados que se assemelham aos que já temos disponível até hoje com os inibidores de ciclina já disponíveis (Palbociclibe, Ribociclibe e Abemaciclibe). O perfil de efeitos colaterais também é semelhante. 

Dados de desfecho sobre câncer de mama na gestação

No geral, os dados que dispúnhamos até então, era de que o diagnóstico de câncer de mama na gestação parecia não impactar o prognóstico materno se um tratamento oncológico padrão fosse realizado, porém, a gestação leva a mudanças na farmacocinética das drogas em relação à distribuição, metabolismo e eliminação dos quimioterápicos.

No ASCO deste ano, foi publicado um estudo em que comparou o uso de quimioterapia para 662 gravidas X 2.081 não grávidas, diagnosticadas após o ano 2000.

Foram dados retrospectivos e prospectivos de 2 grandes grupos oncológicos (International Network of Cancer, Infertility and pregnancy e The Germn Breast Cancer Group). Uma análise de subgrupo evidenciou que mais de 60% das pacientes grávidas receberam quimioterapia na gestação. Os dados mostraram que as alterações induzidas pela gestação na concentração da quimioterapia não afetaram o prognóstico materno e nem causaram malefícios ao feto. Esses resultados mostram que é seguro sim iniciar quimioterapia nas gestantes quando indicado para o tratamento oncológico.

Uso de Olaparibe adjuvante

A grande estrela do ASCO é o uso de Olaparibe adjuvante - ESTUDO OlympiA. Este estudo abriu a plenária deste ano. A plenária é onde são apresentados os trabalhos que o congresso considera os mais importantes para mudar a nossa prática clínica.  

Os dados do OlympiA estavam sendo muito aguardados. Neste estudo, 1836 pacientes com mutação germinativa de BRCA 1 ou 2 com câncer de mama com fatores clínicos de alto risco que receberam quimioterapia neoadjuvante ou adjuvante, foram randomizados para receber Olaparibe X placebo por 1 ano. O end-point primário do estudo é sobrevida livre de doença.  

Em um seguimento de 3 anos, houve um aumento de 8% de sobrevida livre de doença a favor do grupo do Olaparibe. Houve já uma tendência a ganho de sobrevida global, porém os dados ainda não estão maduros neste seguimento.  

Na opinião da médica, apesar dos efeitos colaterais (mais comuns são náusea, fadiga e anemia, além de alguns casos de leucemia), os resultados justificam o uso da medicação. Esse estudo mostra que devemos testar todas as pacientes com tumores de mama para mutação de gene BRCA1/2, porque temos medicação disponível que pode mudar a história natural da doença. ​ 

Vídeos

A Dra. Bruna traz informações sobre a relação entre obesidade e câncer e comenta o que os especialistas indicam como prevenir.​ Confira no vídeo abaixo:

 


A sessão oral da ASCO traz dados promissores para o tratamento de câncer metastático e há, inclusive, um novo inibidor de ciclina em estudo. Para saber mais sobre o assunto, confira o vídeo abaixo:​​

 



A Dra. Bruna  traz novidades sobre o Estudo Olympia, para o tratamento da doença, cuja divulgação era tão esperada. Confira no vídeo abaixo:

 

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