Alzheimer, doença de Alzheimer ou mal de Alzheimer são os nomes conhecidos da forma mais comum de demência neurodegenerativa em pessoas idosas. Embora sua causa seja desconhecida, acredita-se que tenha fator genético determinante. Segundo dados do Ministério da Saúde, cerca de 11% da população com mais de 65 anos é acometida pela doença no Brasil.
Recentemente, o ator Anthony Hopkins foi premiado com um Oscar por sua atuação no filme intitulado Meu Pai, que retrata a história de um idoso com Alzheimer pelo ponto de vista do próprio paciente. Na trama, são apresentados todos os desafios que giram em torno da doença, bem como as sutilezas e a generosidade necessárias ao cuidado de quem passa pelo problema, tanto o paciente quanto seus familiares.
Os primeiros sintomas envolvem o esquecimento dos acontecimentos recentes, que gradativamente aumenta. Assim, a rotina do portador de Alzheimer se torna mais confusa a cada dia. O mundo parece um embaralhado de lembranças fora de uma cronologia e a tentativa de manter um entendimento claro sobre os acontecimentos parece não surtir efeito, provocando irritação, dificuldade de se expressar com clareza e tendência ao isolamento.
A seguir, vamos entender um pouco mais como o Alzheimer afeta o organismo.
De acordo com o Dr. Custódio Michailowsky Leite Ribeiro, neurologista do Centro da Dor e Neurocirurgia Funcional do Hospital Nove de Julho: “A doença de Alzheimer é uma das principais patologias neurológicas degenerativas que acometem o adulto acima dos 65 anos e que provoca lapsos de memória. Aos 90 anos, há a possibilidade de 50% das pessoas terem a doença de Alzheimer.".
O médico acrescenta ainda que ela afeta a cognição: “A gente já identificou vários genes que podem ser a causa da enfermidade. No entanto, existem cerca de 140 doenças que podem também levar a dificuldades de memória. Aqui no Brasil é muito difícil que uma pessoa seja acometida apenas pelo Alzheimer, normalmente, ele está ligado a outras patologias, como a deterioração vascular, por exemplo, associada à arteriosclerose.
Apesar de se saber que há um componente genético no Alzheimer, não é claro ao certo o quanto esse fato influencia o surgimento da condição. Por isso, é importante cuidar dos elementos modificáveis da doença: praticar atividades físicas regularmente; optar por uma alimentação balanceada; evitar gordura e sal; não fumar e prevenir patologias associadas, como hipertensão e diabetes", ressalta o especialista.
“Geralmente, o portador da doença não tem a real percepção de sua condição, sendo assim, a pessoa que relata lapso de memória, normalmente, não tem Alzheimer – a grande maioria dos casos de perda de memória são consequência de ansiedade e depressão", pontua o neurologista.
O que é Alzheimer?
O Alzheimer é uma doença neurodegenerativa que se manifesta de maneira progressiva causando desgaste cognitivo e perda de memória de curto prazo, além de provocar uma série de alterações comportamentais e neuropsiquiátricas que vão se tornando mais graves ao longo do tempo. Essa deterioração compromete as atividades diárias do paciente.
A doença se instala quando o processamento de determinadas proteínas do sistema nervoso central começa a não funcionar adequadamente. Assim, surgem fragmentos tóxicos dentro dos neurônios e nos espaços entre eles. Por causa disso, acontece a perda progressiva de neurônios em algumas regiões do cérebro, como o córtex cerebral, fundamental para a linguagem, o raciocínio, a memória, os estímulos sensoriais e o pensamento abstrato; e o hipocampo, que controla a memória.
Quanto antes for diagnosticado o Alzheimer, melhores são as possibilidades de cuidados da pessoa, que necessitará de atenção integral, ou seja, com equipe multidisciplinar e apoio tanto em centros médicos especializados quanto em outros ambientes, para que haja dedicação especial à alimentação, à organização de um espaço físico seguro e adequado e à higiene pessoal do paciente, entre outros detalhes na rotina que proporcionem mais qualidade de vida ao portador da patologia.
Primeiros sinais e sintomas de Alzheimer
Entre os primeiros sintomas do Alzheimer está talvez o mais característico: a perda de memória recente. E, no decorrer do tempo, por causa da progressão da doença, começam a surgir outros sinais mais graves: irritabilidade, perda de memória remota – ou seja, a que envolve fatos antigos –, perda de orientação no tempo e no espaço e falhas no processo de linguagem.
Outros sintomas do Alzheimer
▪ Perda de memória recente.
▪ Repetição da mesma pergunta diversas vezes.
▪ Dificuldade para acompanhar conversas e ideias complexas.
▪ Dificuldade para resolver problemas.
▪ Inaptidão para dirigir e se localizar espacialmente.
▪ Dificuldade para expressar sentimentos e ideias por meio da linguagem.
▪ Irritabilidade, desconfiança sem justificativa, agressividade, passividade, interpretações erradas, tendência ao isolamento.
Segundo o Dr. Custódio Michailowsky Leite Ribeiro, o acompanhamento diário do paciente é fundamental. “Primeiro, é preciso cuidar de uma pessoa com Alzheimer com carinho. É muito importante ter paciência e sempre manter a segurança do paciente. Falar pausadamente, estabelecer uma comunicação frequente com a pessoa e ser flexível ajuda o portador de Alzheimer a se sentir acolhido. Criar situações para facilitar seu dia a dia também colabora para uma rotina mais produtiva: dar a medicação e supervisionar a rotina conforme forem surgindo os problemas; se tornar um braço, a extensão dessa pessoa, com proteção, para que ela se sinta segura." Além disso, “o cuidador tem que monitorar o dia a dia do paciente. Por exemplo, mudar a arrumação da casa para evitar que haja quedas no banheiro, na escada; proporcionar um ambiente mais claro; tirar tapetes e móveis do caminho…" A integração do cuidador com o cuidado é muito importante – o marido que cuida da esposa, o filho que cuida dos pais, um sobrinho que cuida da tia…
Alzheimer é hereditário?
Normalmente, o Alzheimer não é hereditário. O que acontece é que alguns genes herdados dos pais podem aumentar a probabilidade do surgimento da doença, no entanto, precisam estar associados a outros fatores: traumatismo craniano, diabetes, falta de exercícios mentais e idade avançada, por exemplo. Então, o fato de existir um ou mais casos na família não significa que os demais terão a patologia. O que existe é um tipo específico chamado de doença de Alzheimer hereditário ou familiar ou Alzheimer precoce, que é muito raro e pode afetar pessoas entre 30 e 40 anos. Esse tipo pode, sim, ser passado de pai para filho.
O especialista explica ainda que “o Alzheimer não é hereditário, mas existem populações na Colômbia, por exemplo, em que pessoas com 40 anos desenvolveram o tipo hereditário, mas isso é um número pequeno. Ele consegue ser evitado por meio de mudanças de comportamento, combate aos fatores de risco modificáveis da doença – ação chamada de epigenética, quando se transforma o ambiente, o comportamento, para que os gens da doença não se expressem".
É possível prevenir o Alzheimer?
Apesar de a doença de Alzheimer não ser passível de prevenção, médicos especialistas acreditam que manter a cabeça em constante atividade e ter convívio social, além de bons hábitos e estilo de vida saudável, pode retardar ou, em alguns casos, até mesmo inibir a manifestação da condição.
As principais atividades que beneficiam o organismo como um todo, que ajudam a combater doenças crônicas como diabetes, hipertensão e câncer, além do Alzheimer, são:
▪ ler, estudar, manter a mente ativa;
▪ praticar atividades em grupo;
▪ exercitar o cérebro por meio de jogos de raciocínio;
▪ não consumir bebidas alcoólicas;
▪ praticar atividades físicas regularmente;
▪ não fumar;
▪ manter uma alimentação saudável.
Segundo o Dr. Custódio: “Os medicamentos são indicados para tratar os sintomas e as atividades não medicamentosas são utilizadas para cuidar da cognição: ler livros; dançar; cantar; ouvir música; ir ao teatro; contar histórias em público e praticar atividades físicas em grupos melhoram a capacidade intelectual.".
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